Emiliano Zapata não morreu, os descendentes dos maias aproveitaram o dia em que muitos esperam o fim do mundo para sair às ruas do país.
Manifestação dos zapatistas ocorreram um dia antes do aniversário de 15 anos do Massare de Acteal, que deixou 45 indígenas mortos.
Em silêncio e sob chuva, milhares de zapatistas deixaram suas comunidades nas montanhas de Chiapas e tomaram pacificamente as ruas de San Cristobal de las Casas, Ocosingo e Las Margaritas. Caminhando com as bandeiras da EZLN (Exército Zapatista de Libertação Nacional) e do México, o grupo voltou a se manifestar depois de anos de silêncio.
Em um ato simbólico que durou algumas horas, os descendentes dos maias aproveitaram o dia em que muitos esperam o fim do mundo para sair às ruas do país.
Esta época é importante para os zapatistas porque foi em 22 de dezembro de 1997 que o Estado mexicano, por meio de cem paramilitares, assassinou 45 indígenas, sendo 18 crianças e 22 mulheres, enquanto rezavam em um templo religioso em Chiapas.
Depois de 15 anos, o massacre de Acteal, ainda não foi julgado. Em 30 de janeiro de 2008, porém, a Comissão Civil Internacional de Observação dos Direitos Humanos sinalizou que o Estado teve responsabilidade nos fatos.
Por essa razão, o presidente do México na segunda metade da década de 1990, Ernesto Zedillo, foi acusado de ser o responsável político pelo massacre. No entanto, em setembro deste ano Zedillo foi absolvido nos Estados Unidos, onde mora atualmente.
Os zapatistas saíram às ruas das três cidades de Chiapas desde a madrugada desta sexta-feira (21/12), com homens, mulheres e crianças em caminhonetes vestindo máscaras. Despostos em fileiras, desfilaram sem dizer uma palavra.
Em diferentes municípios da região Sudeste, milhares de indígenas integrantes do Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN) iniciaram o dia em grandes marchas por diferentes estradas e cidades. A manifestação, organizada até a véspera em sigilo, foi pacífica e surpreendentemente silenciosa. Em todas as marchas, o silêncio foi absoluto. Nenhuma palavra de ordem, nenhum cântico, nenhum grito de protesto. Ao final do dia finalmente foi divulgado um comunicado oficial do líder máximo do EZLN, Subcomandante Marcus, dizendo apenas: “Escutaram? É o som do mundo de vocês desmoronando. E do nosso ressurgindo”. Como sabemos, os maias nunca falaram em “fim do mundo” (tampouco jamais conceberam essa ideia). Ao contrário, em um gigantesco silêncio, nos disseram hoje que um mundo novo, uma nova era, está começando. E que os ideais zapatistas estão de volta.
Apesar de os líderes do EZLN não terem feito nenhum discurso, chamou a atenção a juventude dos manifestantes, escolarizados nos centros educativos comunitários dos indígenas.
Com grande capacidade de liderança e inconformado com o sistema ditatorial de Pofírio Diaz, Zapata declarou seu desejo de promover a distribuição das terras de latifundiários entre a população carente. Após o manifesto de Emiliano Zapata, o governou mandou prendê-lo. Posto em liberdade, Zapata organizou, sob o lema “Terra e Liberdade”, um grupo de indígenas e camponeses, principalmente do sul do país, e passou a realizar ações de guerrilha, ocupando e repartindo as terras.
Em 9 de abril de 1919 o general Jesús Guajardo convidou Zapata para um encontro, fingindo simpatizar com a causa zapatista. Quando Zapata o encontrou, entretanto, Guajardo disparou diversas vezes contra ele; a seguir, entregou o corpo do chefe revolucionário em troca da recompensa oferecida (na verdade, metade do que havia sido oferecido). Mas, poucos anos após a morte de Zapata, o presidente Lázaro Cárdenas finalmente conseguiu promover uma reforma agrária nacional no ano de 1934.
Fonte: Anonymousbrasil.com