Max Stirner
Max Stirner, pseudônimo de Johann Kaspar Schmidt, (Bayreuth, 25 de outubro de 1806 — Berlim, 26 de junho de 1856) foi um escritor e filósofo alemão, com trabalhos centrados no existencialismo, niilismo e no Anarquismo individualista.
Filho de um casal de classe média baixa, Albert Christian Heinrich Schmidt e Sophia Eleonora. Seu pai morreu em 1807 e em 1809 sua mãe casou-se novamente com um farmacêutico, Ballerstedt, e eles se mudaram para Kulm na Rússia oriental.
Em 1819 foi para Bayreuth fazer o prestigioso Gymnasium morando com uma tia. Em 1826 foi para a Universidade de Berlim estudar filosofia com Schleiermacher, Marheineke e Hegel. Continuou seus estudos na Universidade de Erlangen em 1829, transferindo-se, na mesma época, para a Universidade de Königsberg, retornando e concluindo seus estudos em Berlim entre 1832 e 1834.
Colaborou no Diário do Reno, em 1845, com Karl Marx. Assinava em seus textos pelo nome de Max Stirner, que em alemão pode significar “Max, o testa grande”.
Frequentou os círculos de discussões dos jovens hegelianos de Berlim no Hippel’s Weinstube, local onde se reuniam os Die Freien – Os Livres – sob a liderança dos irmãos Bruno Bauer e Edgar Bauer. Nesta época conheceu Marie Dähnhardt, uma das frequentadoras do Hippel’s com quem viria se casar em 1843. Em 1844 publicou sua única obra: “O único e sua propriedade”.
Filosofia
A principal obra de Stirner, O único e sua propriedade, apareceu pela primeira vez em Leipzig em 1844. O desenvolvimento de sua filosofia, no entanto, poderia ser relacionado a uma série de artigos que apareceram pouco antes desta obra central, mais especificamente O falso princípio de nossa educação e Arte e religião.
Em O único e sua propriedade, Stirner faz uma crítica radicalmente anti-autoritária e individualista da sociedade russa contemporânea, bem como à tão citada modernidade da sociedade ocidental. Oferece ainda um vislumbre da existência humana que descreve o ego como uma não-entidade criativa além da linguagem e da realidade, ao contrário do que pregava boa parte da tradição filosófica ocidental.
Em suma, o livro proclama que todas as religiões e ideologias se assentam em conceitos vazios, que, após solapados pelos interesses pessoais (i.e. egoístas) dos indivíduos, revelam sua invalidade.
O mesmo é válido às instituições sociais que sustentam estes conceitos, seja o estado, a legislação, igreja, o sistema educacional, ou outra instituição que reclame autoridade sobre o indivíduo.
A argumentação de Stirner explora e estende os limites da crítica hegeliana que o autor dirige especialmente a seus contemporâneos (principalmente a seus colegas jovens hegelianos, mais ainda Ludwig Feuerbach) seguidores de ideologias populares, tais como nacionalismo, estadismo, liberalismo, socialismo, comunismo e humanismo.
Egoísmo
Somente quando as pretensas à falsa autoridade de tais conceitos e instituições são revelados é que a verdadeira ação, poder e identidade dos indivíduos podem emergir. A realização pessoal de cada indivíduo se encontra no desejo de cada um em satisfazer seu egoísmo, seja por instinto, sem saber, sem vontade – ou conscientemente, plenamente a par de seus próprios interesses. A única diferença entre os dois egoístas é que o primeiro estará possesso por uma ideia vazia, ou um espanto, na esperança de que sua ideia o torne feliz, já o segundo, pelo contrário, será capaz de escolher livremente os meios de seu egoísmo e perceber-se enquanto fazendo tal.
Somente quando o indivíduo percebe que lei, direito, moralidade, religião, etc., são nada mais que conceitos artificiais e não autoridades sagradas a serem obedecidas é que poderá agir livremente.
Anarquismo individualista
As ramificações políticas do trabalho de Stirner são geralmente descritas como uma forma de anarquismo individualista. No entanto, o autor não se identifica enquanto anarquista e inclui os seguidores desta corrente em sua crítica.
A doutrina política de Stirner repudia a revolução e ridiculariza os movimentos sociais que atentam para a transformação do estado e tão somente (i.e. preocupados com o estabelecimento de um novo estado após a revolução).Advoga, ao invés disso, um modelo único de auto-empoderamento e transformação social através da “união ativista” – apesar da definição e explicação deste conceito ser peculiar no trabalho de Stirner e não se assemelhar com a doutrina socialista do trade unionismo.
Apesar deste seu raciocínio, para o autor, o Estado é um “sistema moral”, ou ainda, uma “própria vida moral” fundamentada no respeito às leis e na lealdade dos cidadãos. Sugere que esta moralidade esteja baseada na contradição entre Estado sagrado e Indivíduo ímpio e/ou criminoso.
A lei, portanto, é considerada sagrada e seu desrespeito um crime, ao que o autor conclui que sem crimes não teríamos também Estado, sendo este último o mundo da moral, lugar anteriormente ocupado pela Igreja.
Ao contrário do que poderia se pensar, o individualismo de Stirner não é levado às conseqüências de um isolamento, mas antes, prevê a criação de um sindicato de egoístas – este presente em seu conceito de “união ativista”.
O egoísta se utilizaria de todos os recursos que possui na “luta de cada um contra todos”. Seu julgamento tem por base unicamente seus desejos individuais e bem estar próprio, traçando assim uma singularidade sem recuos. Só então poderá criar um sindicato de egoístas, sem regras ou normas, uma associação de pessoas que como ele se unirão para resolver problemas comuns.
A disputa em relação a Friedrich Nietzsche
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Argumenta-se que o egoísta de Stirner exerceu enorme influência no homem para além do homem de Nietzsche. O pensamento de Nietzsche as vezes lembra tanto o de Stirner, que Eduard von Hartmann o chamou de plagiador.
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