15-10-2013 – Dia do Professor(a) – Homenagem

Pedagogia libertária Anarquismo
Pedagogia libertária Anarquismo

Formação de Professores numa Perspectiva Anarquista

 

A escola como a conhecemos hoje, pouco se diferencia daquela de há 100 anos, principalmente no que diz respeito a seus objetivos, estes, alcançados sob a imposição da tirania e da superstição e em nome de uma suposta ordem social.

Os alunos assim adestrados tornaram-se professores e mantiveram este ciclo vicioso em constante movimento, pois a ideia é perpetuar a adoração aos senhores e aos deuses, servindo-os em detrimento às necessidades do indivíduo.

Acreditar que podemos mudar a postura dos professores apenas com cursos de formação libertária é tão ilusório quanto acreditar que seja possível transformar uma escola oficial, numa escola livre. Teoricamente já sabíamos disso, e a prática mais ainda evidencia, mas é possível chamá-los à realidade.

Mesmo sabendo das dificuldades, não acredito ser perda de tempo trabalhar com formação de professores numa perspectiva anarquista, e que, mesmo que 90% dos que tomam conhecimento de práticas libertárias desprezem-nas logo em seguida, (quando não, antecipadamente), o fato de chamá-los a uma reflexão sobre suas posturas antiquadas, e a forma como perdem cada vez mais por bajularem seus carrascos ao invés de os confrontarem, já nos servem como ferramentas.

Essa rápida compreensão por parte dos professores, de que estão a fortalecer seus inimigos, eu sei, é fogo fátuo, já que parte deles acredita que o quadrado foi feito para ser seguido, submetido e nunca modificado.

Esta fórmula pronta, adotada pelo sistema, ganha força e poder sob a égide dos cristãos, (não, não estamos falando da Idade Média), que decidem levar suas crenças, dogmas, testemunhos e preconceitos para dentro da escola, e pior, para a sala de aula. Daí vocês já sabem, contra a ignorância, a superstição e a crença num todo-poderoso, não há como argumentar.

Sendo assim, por que insistir na formação de professores que atuam em escolas oficiais?

Por diversos motivos. Nem todos os professores tem percepção tão pequena de mundo, (felizmente); existem profissionais que se preocupam com os rumos da educação e sua falta de perspectivas dentro dos moldes atuais; tem também aqueles que buscam atabalhoadamente possíveis alternativas para a educação; há os libertários, que mesmo em número reduzido fazem valer seus ideais etc.

Concordo que a ideia de formar professores também é muito vaga, passando apenas por questões mais evidentes, limitando-nos a teorias e discursos, e torcendo para que após as palestras ou oficinas, estes profissionais possam utilizar-se de algumas das sugestões apresentadas. Infelizmente não é mais que isso.

Já na prática a coisa passa a ser mais fácil, bastando o professor desvincular-se dos grilhões do sistema de ensino, e sem precisar de maiores conhecimentos sobre anarquismo ou educação libertária, usar o que a escola oficial propõe, porém, sob novas perspectivas e muito além da ótica reduzida e limitada da indução e repetição de atividades inúteis que intentam apenas criar reprodutores de conteúdos.

A dica é simples: Deixe com que o aluno seja ele, e não o que o estado quer que ele seja.

Colóquio Internacional Educação Libertária: 100 anos da Escola Moderna – FE-USP – Biblioteca Terra Livre – 6/11/2012