O anarquismo e a história
Freqüentemente, ouvimos os “foucaultianos” questionarem os possíveis vínculosexistentes entre Foucault e o Anarquismo, afirmando que o filósofo jamais se disse anarquista, que recusava qualquer forma de identificação e que, ademais, nunca se afiliou aos grupos libertários contemporâneos. Vários autores anarquistas, por outro lado, enxergam um Foucault profundamente libertário e propõem pensar o pós-estruturalismo como “uma forma contemporânea de anarquismo”.
Falando de sua experiência pessoal, Salvo Vaccaro afirma que o filósofo não só o aproximou do Anarquismo, impedindo-o de “se fossilizar no caminho traçado de Bakunin a Malatesta”, como ensinou “uma utilização anarquista do texto teórico,sem respeito pela autoridade do Nome.” Todd May, nos Estados Unidos, Salvo Vaccaro, na Itália, Edson Passetti, no Brasil e Christian Ferrer, na Argentina, entre outros, postulam uma continuidade entre as duas correntes de pensamento, entendendo que, na tradição histórica do Anarquismo, pode-se encontrar um contexto mais geral a partir do qual o pós-estruturalismo seria melhor avaliado. Enquanto um pensamento libertário, este opera de modo descentralizado, plural, anti-hierárquico e renovador, ao enfrentar as questões de nossa atualidade.