A Educação Anarquista e as Diretrizes Educacionais na Constituição de 34 e 37 – perseguição política e resistência do Anarquismo

Este trabalho é o resultado da pesquisa realizada sobre a prática educacional elaborada eaplicada pelos anarquistas no Brasil, durante as primeiras três décadas do século XX. Busca retratar o surgimento e quais foram as práticas educacionais da Escola Moderna no Brasil – proposta pedagógica de instrução iniciada pelos anarquistas no século XIX e aprimorada com as transformações da realidade social no século XX, tendo como principal elaborador Francisco Ferrer y Guardia. Dessa forma, objetivamos investigar as práticas pedagógicas dos anarquistas no Brasil, como, também, identificar e analisar quais relações são possíveis traçar entre as propostas pedagógicas dos anarquistas e as diretrizes políticas para a educação brasileira, que surgiram com as Constituições de 1934 e foram ampliadas em 1937. O desenvolvimento das ações anarquistas no Brasil, assim como em outros continentes, enfrentou paralelamente o desenvolvimento das forças repressivas e de vigilantismo – levando à deportação, prisão e confinamento dos anarquistas que se organizavam em terras brasileiras. Nessas primeiras três décadas de construção do vetor social, da instrução integral racionalista ao sindicalismo revolucionário, foi possível registrar a persistência e resistência dos anarquistas no Brasil. É inegável o importante papel deixado pelos anarquistas dessa época, com a organização dos primeiros sindicatos e com a criação de escolas e espaços destinados exclusivamente para o letramento e para a difusão de conhecimentos científicos. Concomitantemente, surgem novas diretrizes educacionais formalizadas pelo Estado através da Constituição de 1934 e sua reformulação em 1937. As novas leis educacionais mantiveram nas “mãos” do Estado e da
classe opressora, as diretrizes ideológicas para uma educação conservadora, técnica e não emancipatória. Compreendemos que a importância deste trabalho se justifica na medida em que contribui para repensarmos as estruturas de dominação e controle aprimoradas através das políticas educacionais estatais; também, contribuir para que haja uma reflexão sobre outras formas de organização e construção didática e pedagógica, além das clássicas já validadas pela academia e, logicamente, pelo Estado. Através de pesquisa qualitativa, de materiais teóricos e documentos históricos, foi possível visualizar “apropriações” de eixos educacionais dos anarquistas pelo Estado. Essas “apropriações” aparecem claramente em concomitância com as
perseguições, deportações e fechamento das instituições e demais espaços utilizados pelos anarquistas para a difusão da pedagogia racionalista, da instrução integral libertária e revolucionária.