Elisée Reclus

Élisée Reclus
Élisée Reclus

Jean Jacques Élisée Reclus (Sainte-Foy-la-Grande, 15 de março de 1830 — Torhout, 4 de julho de 1905) foi um geógrafo e anarquista francês.

Biografia

Em 1851, viajou para a cidade de Berlim onde foi aluno de Carl Ritter. No mesmo ano, retornou à França e, em conjunto com alguns franceses, tentaram impedir o golpe de Estado de Luís Napoleão. Com o êxito do golpe, Reclus foi obrigado a deixar seu país, tornando-se exilado na Inglaterra por defender ideais e práticas revolucionárias.
Em 1871 participou ativamente da Comuna de Paris, tornando-se responsável, junto com seu irmão Élie Reclus, pela Biblioteca Nacional. Com a queda da Comuna, foi preso e condenado à deportação para a Nova Caledônia junto com milhares de outros communards. Mas sua pena foi comutada para dez anos de banimento.
Banido da França, fez diversas viagens para fora do continente europeu, visitando a América, a África e a Ásia. Em 1893, realizou sua última grande viagem, conhecendo a América do Sul, com passagem inclusive pelo Brasil.
Mudou-se para a Suíça no final de 1893 onde participou da Federação Jurassiana ao lado de outros anarquistas conhecidos, Mikhail Bakunin e James Guillaume. Em 1894, instalou-se em Bruxelas onde, a partir de seus esforços foi criada a Universidade Nova, bem como o Instituto de Altos Estudos, espaços nos quais lecionou.

Obra

Reclus contribuiu para inúmeros jornais, revistas e coletâneas. Mas sobretudo tornou-se conhecido por sua extraordinária obra em torno da geopolítica – Nova Geografia Universal: a Terra e os Homens, dividida em dez volumes, e O Homem e a Terra, dividido em cinco volumes – nas quais analisa a relação dos diferentes grupos humanos com os meios em que habitam.
Não se contentava em observar a natureza: sua intenção de entendimento abarcava todo o planeta, que Reclus buscou descrever em todo seu espaço-tempo. Em sua obra apresentou critérios precisos de interpretação e esforçou-se para compreender as leis que, para além de uma ilustração moralizante ou lição pedagógica, estão por trás do devir coletivo das sociedades humanas.
Embora tenha sido o mais ilustre dos discípulos de Carl Ritter, a obra de Reclus não alcançou muita projeção na França devido ao fato de ter passado grande parte de sua vida exilado por razões políticas. Contudo, a partir de meados dos anos 1970, com a ascensão da geografia crítica, a obra de Reclus e sua militância anarquista passaram a ser mais valorizadas pelos geógrafos, o mesmo tendo ocorrido com o também anarquista Piotr Kropotkin. Outra linha de pesquisa recente que vem renovando os métodos de Reclus são os estudos de modelização gráfica realizados pelo GIP Reclus (Groupement d’Intérêt Public, Réseau d’études du changement dans les localisations et les unités spatiales).A