Quarta Internacional
A Quarta Internacional (QI) é uma organização comunista internacional composta por seguidores de Leon Trótski (trotskistas), com o objetivo declarado de ajudar a classe trabalhadora a alcançar o socialismo. Historicamente, a Quarta Internacional foi fundada na França em 1938, onde Trotsky e seus seguidores, após terem sido expulsos da União Soviética, consideraram a Comintern/Terceira Internacional como “perdida para o stalinismo” e incapaz de levar a classe trabalhadora internacional ao poder político. Assim sendo, os trotskistas fundaram sua própria Internacional Comunista.
A Quarta Internacional sofreu várias cisões ao longo de sua história: a primeira em 1940, que ocorreu somente na França, e a mais importante, que se deu no plano internacional, em 1953. Apesar de uma reunificação em 1963, vários reagrupamentos internacionais reivindicam a Quarta Internacional e a herança trotskista.
Durante parte importante de sua existência, a Quarta Internacional foi perseguida por agentes da polícia secreta soviética, reprimida por países capitalistas, como a França e os Estados Unidos, e rejeitada como ilegítima pelos seguidores da União Soviética e, posteriormente, do maoísmo – uma posição ainda mantida por estes comunistas nos dias de hoje. Durante a Segunda Guerra Mundial, sob estas condições de ilegalidade e hostilidade em grande parte do mundo, ela encontrou dificuldade para manter contato entre seus membros. Quando revoltas dos trabalhadores ocorreram, eram geralmente sob a influência de grupos de inspiração soviética, de maoístas, social-democratas, anarquistas, ou de grupos de militantes nacionalistas, levando a novas derrotas para a QI e os trotskistas, que nunca conseguiram apoio semelhante.2 Mesmo após o repúdio do Estado soviético a Stalin e o processo de desestalinização do país, o trotskismo, apesar de sua crítica à burocratização, não viveu um processo de ampliação de sua influência. A crise vivida pelo ideário socialista, de todos os matizes, também enfraqueceu a alternativa trotskista. Ideologicamente, maoístas, comunistas de esquerda e anarquistas consideram o trotskismo – e, portanto, também a Quarta Internacional – ideologicamente falido e impotente. Apesar disso, muitas partes da América Latina e da Europa continuam a abrigar grandes grupos trotskistas, com seguidores jovens e velhos, que são atraídos pelo “anti-stalinismo” e pela retórica a favor do movimento operário internacional. Alguns desses grupos carregam o rótulo de “membro da Quarta Internacional”, quer no nome de sua organização, em seus manifestos, ou em ambos.
Trotskismos
Os trotskistas se consideram opositores tanto do capitalismo quanto do stalinismo. Trotsky defendia a revolução proletária tal como estabelecida em sua teoria da revolução permanente, acreditando que um Estado operário não seria capaz de sucumbir às pressões do mundo capitalista hostil caso revoluções socialistas rapidamente tomassem conta de outros países também. Esta teoria floresceu em oposição à tese defendida pelos stalinistas de que o socialismo poderia ser atingido na União Soviética sozinha. Mais adiante, Trotsky e seus partidários criticariam duramente a natureza cada vez mais totalitária do regime de Josef Stalin. na opinião deles, é impossível de se atingir o socialismo sem democracia. Confrontados com a crescente falta de democracia na União Soviética, eles concluíram que esta não era mais um Estado operário e socialista, mas sim um Estado operário degenerado.
Trotsky e seus partidários se organizaram desde 1923 como a Oposição de Esquerda. Eles eram contra a burocratização da União Soviética, que analisaram como sendo em parte causada pela pobreza e pelo isolamento da economia soviética.4 A teoria de Stalin do socialismo em um só país surgiu em 1924 em oposição à teoria da revolução permanente de Trotsky, que argumentava que o capitalismo era um sistema global e que apenas uma revolução mundial seria capaz de substituí-lo pelo socialismo. Até 1924 a perspectiva internacional dos bolcheviques havia sido guiada pela posição de Trotsky. De acordo com ele, a teoria de Stalin representava os interesses burocráticos em detrimento à classe trabalhadora.
Mais tarde, Trotsky seria perseguido pelo regime stalinista – se exilando em Almaty – enquanto seus partidários seriam presos. A Oposição de Esquerda, no entanto, continuaria a atuar secretamente no seio da União Soviética.5 Trotsky seria expulso para a Turquia, se mudando de lá para a França, para a Noruega, e para o México, onde seria assassinado por Ramón Mercader, agente da polícia de Stalin.
As Internacionais
Uma Internacional é uma organização internacional formada por partidos políticos ou ativistas com o objetivo de ter uma ação coordenada para atingir a um propósito comum. Há uma longa tradição entre os socialistas de se organizarem a nível internacional, tendo Karl Marx liderado a Associação Internacional dos Trabalhadores, que mais tarde ficaria conhecida como a “Primeira Internacional”.
Após a Associação Internacional dos Trabalhadores se dissolver em 1876, várias tentativas foram feitas no sentido de fazê-la surgir novamente, o que culminaria na formação da Segunda Internacional em 1889. Esta, por sua vez, foi dissolvida em 1916 após desentendimentos sobre a Primeira Guerra Mundial. Embora a Segunda Internacional tenha se reorganizado em 1923 como a Internacional Socialista e Operária, os partidários da Revolução de Outubro e os bolcheviques já haviam formado a Internacional Comunista (Comintern), considerada a Terceira Internacional por eles. Esta foi organizada com base no centralismo democrático, com seus partidos-membros sendo obrigados a defender as políticas adotadas pela organização como um todo.
Ao se declararem pertencentes à Quarta Internacional, os trotskistas se afirmaram publicamente como continuadores do legado da Comintern, e das Internacionais anteriores. O reconhecimento deles da importância dessas Internacionais anteriores se associava à crença de que todas elas haviam se degenerado. Embora a Internacional Socialista, e a Comintern ainda estivessem ativas, os trotskistas não acreditavam que tais organizações eram capazes de sustentar o socialismo revolucionário e o internacionalismo.
A fundação da Quarta Internacional foi, portanto, estimulada em parte pelo desejo dos trotskistas em formar uma corrente política forte, ao invés de serem vistos apenas como a oposição comunista à Comintern e à União Soviética. Trotsky acreditava que sua formação era o mais urgente de tudo para o papel que ele queria exercer na iminente Segunda Guerra Mundial.
Decisão de formar a Internacional
No início dos anos 1930, Trotsky e seus partidários acreditavam que a influência de Stalin sobre a Terceira Internacional ainda podia ser combatida de dentro da organização. Em 1930, se organizaram na Oposição de Esquerda Internacional, que tinha o objetivo de ser um grupo de dissidentes anti-stalinistas dentro da Terceira Internacional. Os partidários de Stalin, que dominavam a Comintern, entretanto, não toleravam mais a dissidência. Todos os trotskistas, assim como os suspeitos de serem simpatizantes do trotskismo, foram expulsos da Internacional.
De acordo com Trotsky, as políticas do Terceiro Período da Comintern – que proibia alianças dos comunistas com partidos de esquerda vistos como “burgueses” – contribuíram para a ascensão de Adolf Hitler na Alemanha. De maneira semelhante, ele criticou a política de incentivo à formação de frentes populares – que tinha como objetivo unir as forças antifascistas –, sendo esta em sua opinião semeadora de ilusões reformistas e pacifistas que “limpou o caminho para uma reviravolta fascista”. Em 1935, ele alegou que a Comintern havia caído irremediavelmente nas mãos da burocracia stalinista.10 Ele e seus partidários, expulsos da Terceira Internacional, participaram de uma conferência em Londres dos partidos socialistas que não integravam a Internacional Socialista e a Comintern. Três desses partidos se juntaram à Oposição de Esquerda na assinatura de um documento escrito por Trotsky conclamando para a criação de uma Quarta Internacional, que ficaria conhecido como a “Declaração dos Quatro”.11 Destes, dois logo se distanciaram do acordo, mas o Partido Revolucionário Socialista da Holanda trabalhou com a Oposição de Esquerda Internacional para criar a Liga Comunista Internacional.
Andreu Nin e alguns outros membros da Liga não apoiaram a convocação de uma nova Internacional. Este grupo priorizou o reagrupamento com outras oposições comunistas, principalmente a Oposição à Internacional Comunista (OIC), ligada à Oposição de Direita no Partido Comunista Soviético, um reagrupamento que eventualmente levou à formação do Bureau Internacional de Unidade Socialista Revolucionária. Trotsky considerou essas organizações como sendo centristas. Apesar da crítica de Trotsky, a seção espanhola da Liga se fundiu com a seção espanhola da OIC, formando o POUM. De acordo com Trotsky, a fusão era uma rendição ao centrismo. O Partido Socialista Operário da Alemanha, uma cisão de esquerda do Partido Social-Democrata da Alemanha, fundada em 1931, colaborou com a Oposição de Esquerda Internacional brevemente em 1933, mas logo abandonou a ideia de convocar uma nova Internacional.
Em 1935, Trotsky escreveu sua “Carta Aberta para a Quarta Internacional”, reafirmando a “Declaração dos Quatro” e documentando as trajetórias recentes da Internacional Comunista e da Internacional Socialista. Na carta, ele conclama para a formação urgente de uma Quarta Internacional. A “Primeira Conferência Internacional para a Quarta Internacional” foi realizada em Paris em junho de 1936, devido a relatórios indicando a falta de segurança em Genebra, local onde seria realizada originalmente.14 Durante a reunião, a Liga Comunista Internacional foi dissolvida, sendo fundado em seu lugar o Movimento pela Quarta Internacional, seguindo as perspectivas de Trotsky.
A fundação da Quarta Internacional foi vista como mais do que a simples mudança de nome de uma tendência internacional já existente. Argumentou-se que a Terceira Internacional havia se degenerado por completo e, portanto, deveria ser vista como uma organização contra-revolucionária que, em tempo de crise, defendia o capitalismo. Trotsky acreditava que a vinda da Segunda Guerra Mundial produziria uma onda revolucionária de lutas de classe e nacionalistas, assim como a Primeira Guerra Mundial tinha feito.
Stalin reagiu à crescente influência dos adeptos de Trotsky com um grande massacre político na União Soviética, além de patrocinar o assassinato de apoiadores e familiares de Trotsky que viviam em exílio no exterior. Agentes do governo revisaram documentos históricos e fotografias na tentativa de apagar a memória de Trotsky dos livros de história.16 De acordo com o historiador Mario Kessler, os partidários de Stalin recorreram ao antissemitismo para exaltar os ânimos contra Trotsky, de família judia. De acordo com Svetlana Alliluyeva, filha de Stalin, a batalha de seu pai contra Trotsky lançou as bases para suas campanhas antissemitas posteriores.
Primeiro Congresso
O princípio da Internacional era a construção de novos partidos revolucionários de massas capazes de liderar revoluções operárias bem sucedida. O surgimento de novos partidos era visto como decorrente de uma onda revolucionária que se desenvolveria durante e como resultado da iminente Segunda Guerra Mundial. Trinta delegados participaram da conferência de fundação, realizada em setembro de 1938, na casa de Alfred Rosmer nos arredores de Paris. Estiveram presentes na reunião delegados dos principais países da Europa e da América do Norte. Entretanto, devido ao custo da viagem e da longa distância, poucos delegados da Ásia e da América Latina participaram. Um Secretariado Internacional foi criado, sendo formado por muitos dos principais trotskistas de então. Nele, estavam representados a maioria dos países onde os trotskistas atuavam. Entre as resoluções adotadas pela conferência estava o “Programa Transitório”.
O “Programa Transitório” (conhecido no Brasil como Programa de Transição) era a declaração programática central do congresso, resumindo as concepções estratégicas e táticas da Quarta Internacional para o período revolucionário que os trotskistas viam abrindo como resultado da guerra que Trotsky previa há alguns anos. Não é, porém, o programa definitivo da Quarta Internacional – como é muitas vezes sugerido – mas ao invés disso contém um resumo do entendimento conjuntural do movimento à época e uma série de políticas transitórias, destinadas a desenvolver a luta dos trabalhadores pelo poder.
Segunda Guerra Mundial
Com a eclosão da Segunda Guerra Mundial em 1939, o Secretariado Internacional se mudou para Nova Iorque. O Comitê Executivo da Internacional não conseguiu se reunir, em grande parte devido a um conflito interno no Partido Socialista dos Trabalhadores dos Estados Unidos (Socialist Workers Party, SWP) entre trotskistas e a tendência de Max Shachtman, Martin Abern e James Burnham. O Secretariado era composto pelos membros deste Comitê, a maioria dos quais eram parceiros de Shachtman. A divergência girava em torno das discordâncias dos seguidores de Shachtman com a política interna do SWP e por causa da defesa incondicional da Quarta Internacional à URSS.
Trotsky abriu um debate público com Burnham e Shachtman, desenvolvendo suas posições numa série de artigos polêmicos escritos entre 1939 e 1940 e mais tarde publicados no livro Em Defesa do Marxismo. A tendência de Burnham e Shachtman abandonou a Internacional no início de 1940, assim como cerca de 40% dos membros do SWP, muitos dos quais tornaram-se membros fundadores do Partido dos Trabalhadores (Workers Party – WP).
Conferência de emergência
Em maio de 1940 uma conferência de emergência da Internacional reuniu-se num local secreto “em algum lugar do Hemisfério Ocidental”. No encontro, foi aprovado um manifesto redigido por Trotsky pouco antes de seu assassinato e uma série de ações para o trabalho da Internacional, incluindo um apelo pela reunificação das seções britânicas da Quarta Internacional, então divididas.
Membros do Secretariado que apoiavam Shachtman foram expulsos pela conferência de emergência, com o apoio do próprio Trotsky. Apesar de James Patrick Cannon, líder do SWP, declarar mais tarde não acreditar que a separação fosse definitiva, os dois grupos jamais se reuniriam novamente. Um novo Comitê Executivo foi nomeado, sendo este cada vez mais influenciado pelo SWP.
Membros do Secretariado que apoiavam Shachtman foram expulsos pela conferência de emergência, com o apoio do próprio Trotsky.28 Apesar de James Patrick Cannon, líder do SWP, declarar mais tarde não acreditar que a separação fosse definitiva, os dois grupos jamais se reuniriam novamente.26 Um novo Comitê Executivo foi nomeado, sendo este cada vez mais influenciado pelo SWP.
Conferência internacional
Em abril de 1946, delegados das principais seções europeias e alguns de outras seções participaram do Segundo Congresso Internacional.38 Este teve como meta a reconstrução do Secretariado Internacional da organização, com Michel Raptis sendo nomeado secretário e Ernest Mandel, um belga, assumindo papel de liderança.
Pablo e Mandel tinham como meta combater a oposição da maioria dos membros do RCP e do PCI. Inicialmente, encorajaram que os filiados a esses partidos a votar contra suas lideranças. Apoiaram a oposição liderada por Gerry Healy no RCP. Na França, apoiaram Pierre Frank e Marcel Bleibtreu, opositores – embora por razões diferentes – da liderança do PCI.
A ocupação stalinista do Leste Europeu foi a principal questão a ser debatida na conferência, tendo sido interpretada de várias maneiras. Em primeiro lugar, a Internacional defendeu que, enquanto a URSS era um Estado operário degenerado, os Estados do Leste Europeu no pós-guerra permaneceram sendo entidades burguesas, uma vez que a revolução de cima para baixo não era possível e o capitalismo persistiria.
Outra questão que foi debatida foi a possibilidade de que a economia iria se recuperar e o capitalismo sairia da crise. Esta possibilidade foi inicialmente negada por Mandel – que rapidamente viu-se obrigado a mudar de opinião e, mais tarde, dedicaria sua dissertação de doutorado ao chamado “capitalismo tardio” (de 1950 adiante), analisando a inesperada “terceira era” do desenvolvimento capitalista. A perspectiva de Mandel espelhava a incerteza da época sobre a viabilidade futura e as perspectivas do capitalismo, não só entre os trotskistas, mas também entre os principais economistas. Paul Samuelson havia previsto, em 1943, a possibilidade de uma “combinação de pesadelos dos piores aspectos da inflação e da deflação”, mostrando preocupação de que o mundo “seria introduzido no maior período de desemprego e de desorganização industrial que qualquer economia já enfrentou”. Joseph Schumpeter, por sua vez, alegou que “a opinião geral parece ser que os métodos capitalistas serão inferiores à tarefa de reconstrução”. Ele considerava “não duvidar que a decadência da sociedade capitalista está muito avançada”.
Segundo Congresso
O segundo congresso mundial da Quarta Internacional foi realizado em abril de 1948 e contou com a participação de delegados de 22 seções. Nele, foi debatido uma série de questões, tais como a questão judaica, o stalinismo, o neocolonialismo e as questões específicas enfrentadas por algumas seções em certos países. A este ponto, a QI estava unida ao redor da visão de que os “estados tampões do Leste Europeu ainda eram países capitalistas.
O Congresso tornou-se especialmente notável por trazer um contato muito mais próximo entre a Internacional e grupos trotskistas de todo o mundo. Entre eles, estavam grupos significativos como o Partido Operário Revolucionário da Bolívia e o Partido Lanka Sama Samaja do então Ceilão,45 apesar de que os grandes grupos trotskistas do Vietnã haviam sido quase eliminados ou absorvidos pelos partidários de Ho Chi Minh.
Depois do Segundo Congresso Mundial em 1948, o Secretariado Internacional tentou estabelecer comunicação com o regime de Josip Broz Tito na Iugoslávia.47 Na análise dos membros da Quarta Internacional, a situação daquele país se diferenciava dos demais do Bloco do Leste porque o regime foi estabelecido por guerrilheiros que lutaram contra a ocupação nazista na Segunda Guerra Mundial – ao contrário dos demais países, onde o regime socialista foi imposto pelo exército invasor comandado por Stalin. O RCP britânico, liderado por Jock Haston e Ted Grant, foi altamente crítico dessa tentativa de aproximação.
Terceiro Congresso
Durante o Terceiro Congresso Mundial, realizado em 1951, ficou determinado que as economias dos Estados do Leste Europeu, assim como seus respectivos regimes políticos, tinham se tornado cada vez mais semelhantes à URSS. Esses Estados foram, naquela ocasião, descritos como “estados operários deformados” numa analogia ao estado operário degenerado na Rússia. O termo “deformado” foi usado no lugar de “degenerado” porque estes Estados não foram fundados através de revoluções operárias.
O Terceiro Congresso Mundial previu a possibilidade real de uma “guerra civil internacional” num futuro próximo. Argumentou-se que partidos comunistas de massas “poderiam, sob condições favoráveis, ultrapassar os objetivos definidos para eles pela burocracia soviética e projetar uma orientação revolucionária”. Dada a proximidade da suposta guerra, a QI defendia que os partidos comunistas e social-democratas seriam a única força significativa capaz de defender os trabalhadores contra o imperialismo naqueles países onde tais partidos possuíam ampla representatividade junto à massa trabalhadora.
Em consonância com esta perspectiva geopolítica, Pablo defendia que a única maneira dos trotskistas evitarem o isolamento era se as várias seções da Quarta Internacional se infiltrassem a longo prazo nos partidos comunistas ou social-democratas de massas. Essa tática ficou conhecida como entrismo sui generis, nome dado para diferenciá-la das infiltrações táticas de curto prazo empregadas antes da Segunda Guerra Mundial. Isso significava, por exemplo, que o projeto de construção de um partido trotskista independente na França seria deixado de lado, uma vez que este não era considerado politicamente viável; ao contrário, os membros da QI deveriam se infiltrar no Partido Comunista Francês.
Esta perspectiva foi aceita dentro da Quarta Internacional, mas lançou as bases para a dissolução da organização em 1953. No Terceiro Congresso Mundial, as seções concordaram que havia a possibilidade de uma guerra civil internacional irromper. Entretanto, a seção francesa não concordou com a tática de entrismo sui generis e considerou que Pablo estava subestimando o papel independente dos partidos de classe operária membros da Quarta Internacional. Os líderes das maiores organizações trotskistas na França, Bleibtreu Marcel e Pierre Lambert, se recusaram a seguir a linha da Internacional. A direção da Internacional os substituiu por um grupo minoritário, levando a uma divisão permanente na seção francesa.
Na sequência do Congresso Mundial, a linha de ação determinada pela direção da Internacional foi, em grande parte, aceita pelos grupos trotskistas em todo o mundo, incluindo o SWP norte-americano, cujo líder, James Patrick Cannon, trocou cartas com os franceses dissidentes para demonstrar seu apoio à tática do entrismo sui generis.52 Àquela altura, no entanto, Cannon, Gerry Healy e Ernest Mandel demonstraram estar profundamente preocupados com a evolução na linha de pensamento político de Pablo. Cannon e Healy também ficaram alarmados com a intervenção de Pablo na seção francesa, o que lhes pareceu ser um indicativo de que ele poderia usar a autoridade da Internacional para intervir em outras seções da Quarta Internacional que não concordassem que o entrismo sui generis era uma tática de ação apropriada para seus países. Em particular, as tendências minoritárias na Grã-Bretanha (liderada por John Lawrence) e nos Estados Unidos (liderada por Bert Cochran), que apoiaram o entrismo sui generis, deram a entender que o apoio de Pablo à posição delas indicava que a Internacional poderia exigir dos trotskistas em ambos os países a adotar a tática.
Formação do Comitê Internacional da Quarta Internacional
Em 1953, o comitê nacional do SWP emitiu uma Carta Aberta aos Trotskistas em Todo o Mundo54 e organizou a formação do Comitê Internacional da Quarta Internacional (CIQI). Esta ruptura da Quarta Internacional inicialmente incluía, além do SWP, o The Club de Gerry Healy, o PCI (então liderado por Lambert, que havia expulsado Bleibtreu e seu grupo), o partido de Nahuel Moreno na Argentina e as seções austríacas e chinesas da QI. As seções do CIQI se retiraram do Secretariado Internacional da Quarta Internacional, o que suspendeu o direito de voto delas. Ambos os lados alegavam possuir a maior parte dos membros da ex-Internacional.
O Partido Lanka Sama Samaja, então o maior partido operário do Sri Lanka, decidiu tomar uma posição intermediária durante esta disputa. Continuava participando do Secretariado Internacional da QI, mas defendia um congresso conjunto para que este se reunificasse com o CIQI.
Um trecho da Carta Aberta explica a divisão da seguinte forma:
Resumindo: As linhas de discordância entre o revisionismo de Pablo e o trotskismo ortodoxo são tão profundas que nenhum compromisso é possível, político ou organizativo. A facção de Pablo demonstrou que não permitirá que decisões democráticas, refletindo verdadeiramente a opinião da maioria, sejam atingidas. Eles exigem a completa submissão à sua política criminosa. Eles estão determinados a retirar todos os trotskystas ortodoxos da Quarta Internacional ou amordaçá-los ou algemá-los. O esquema deles tem sido introduzir sua conciliação stalinista fragmentada e também na forma fragmentada, livrando-se daqueles que vêem o que está acontecendo e fazem objeções.
Do Quarto Congresso à reunificação
Durante a década seguinte, o CIQI se referiu ao resto da Internacional como Secretariado Internacional da Quarta Internacional, ressaltando sua posição de que o Secretariado não respondia pela Internacional como um todo.56 O Secretariado, por outro lado, continuou a se ver como dirigente da Internacional. Realizou um Quarto Congresso Mundial em 1954, com a finalidade de reagrupar e reconhecer seções reorganizadas na Grã-Bretanha, na França e nos EUA.
O CIQI se dividiu em partes que defendiam que o rompimento com o “pablismo” era permanente e outras que defendiam que era temporário. Como resultado desse debate, a organização evitou declarar-se como sendo a Quarta Internacional. Os setores que consideravam a ruptura como sendo permanente embarcaram numa discussão sobre a história e os significados desta.
As seções da Internacional que reconheciam a liderança do Secretariado Internacional mantiveram-se otimistas sobre as possibilidades de aumentar a influência política da Internacional, estendendo o entrismo nos partidos social-democratas, que já estava em curso na Grã-Bretanha, Áustria e outros países. O congresso de 1954 enfatizou o entrismo nos partidos comunistas, bem como nos partidos nacionalistas em colônias, pressionando por reformas democráticas para encorajar a esquerda dos partidos comunistas a se juntar aos trotskistas numa revolução.58 Se desenvolveu uma tensão entre o grupo principal, ligado a Pablo, e a minoria que argumentava, sem sucesso, contra tal tipo de ação. Parte desses delegados abandonaram o Congresso Mundial, e acabariam por deixar a Internacional por completo. Entre eles estavam o líder da seção britânica, John Lawrence, Michele Mestre (um líder da seção francesa), e Murray Dowson (líder do grupo canadense).
O Secretariado organizou um Quinto Congresso Mundial em Outubro de 1957. Mandel e Pierre Frank aclamaram a revolução argelina, supondo que era essencial uma reorientação nos Estados coloniais e neocolônias no sentido de favorecer as revoluções que emergiam de guerrilhas.60 De acordo com Robert Alexander, Ernest Mandel havia escrito que uma organização da Indonésia, o Partido Acoma, se havia filiado à QI em 1959, o que duraria até o golpe militar de 1965 naquele país.
O Sexto Congresso Mundial, em 1961, marcou uma diminuição das divisões políticas entre a maioria dos apoiantes do Secretariado Internacional e da liderança do SWP nos Estados Unidos. Em particular, o Congresso enfatizou o apoio à Revolução Cubana e deu uma crescente ênfase à construção de partidos nos países imperialistas. Também durante o Sexto Congresso, o Secretariado Internacional criticou o Partido Lanka Sama Samaja, sua seção do Sri Lanka, por seu suposto apoio ao Partido da Liberdade do Sri Lanka, visto como nacionalista burguês; o SWP dos EUA fez críticas semelhantes.
Em 1962, o Comitê Internacional e o Secretariado Internacional formaram uma comissão paritária para organizar um Congresso Mundial comum. Os partidários de Michel Pablo e Juan Posadas se opuseram a essa convergência. Os partidários de Posadas deixaram a Internacional em 1962. No congresso de reunificação de 1963, as seções do Comitê Internacional e do Secretariado Internacional se reunificaram, com apenas duas exceções: as seções inglesa e francesa do CIQI. A reunificação foi, em grande parte, resultado do apoio mútuo de ambas as organizações à resolução Dynamics of World Revolution de Ernest Mandel e Joseph Hansen e à Revolução Cubana. O documento de Mandel e Hansen estabeleceu uma distinção entre as tarefas revolucionárias a serem adotadas em cada tipo de país: nações imperialistas, “Estados operários”, colônias e semi-colônias. Em 1963, a Quarta Internacional reunificada elegeu um Secretariado Unificado da Quarta Internacional (SU-QI), nome ainda utilizado para se referir à organização como um todo.
Desde a reunificação
Desde a reunificação de 1963, uma série de abordagens foram desenvolvidas para a Quarta Internacional no âmbito do movimento trotskista internacional:
A Quarta Internacional (Pós-reunificação) é a única corrente a nível internacional com continuidade organizacional direta em relação à Quarta Internacional original. O Comitê Internacional e o Secretariado Internacional se reunificaram em 1963, mas sem a presença da Liga Socialista Operária (Reino Unido) e da Organização Comunista Internacionalista (França). A Internacional reunificada é conhecida por muitos como o Secretariado Unificado da Quarta Internacional (SU-QI), devido ao nome de sua principal comissão, embora esta tenha sido substituída em 2003. É também a única corrente a se apresentar continuamente como “a” Quarta Internacional. É a maior corrente e líderes de outras Internacionais trotskistas ocasionalmente se referem a ela como “a Quarta Internacional”: O então secretário do CIQI, Gerry Healy, ao propor a reunificação nos anos 1970, descreveu-a como “a Quarta Internacional”; a Tendência Socialista Internacional normalmente também se refere a ela dessa maneira.
Os grupos membros do Comitê Internacional da Quarta Internacional habitualmente descrevem a si mesmos como seções da Quarta Internacional, enquanto a organização como um todo se descreve como a “liderança da Quarta Internacional”. No entanto, o CIQI se apresenta como a continuidade política da Quarta Internacional e do trotskismo, e não como a própria QI. Descreve claramente sua data de criação como sendo 1953 ao invés de 1938.
Algumas tendências afirmam que a Quarta Internacional se deslocou politicamente durante o período que vai do assassinato de Trotsky até a criação do CIQI em 1953; consequentemente, elas trabalham para “reconstruir” ou “reorganizar” a Internacional. Esta visão se originou com o Luta Operária, partido político francês, e com a Tendência Espartaquista Internacional, organização dos EUA, e é compartilhada por outros grupos que divergiram do CIQI. Por exemplo, o Comitê por uma Internacional Operária, cujos fundadores saíram da QI reunificada em 1965, conclama por uma nova “Quarta Internacional revolucionária”. Na verdade, a IV Internacional (1993) re-proclamou a Quarta Internacional em um congresso com a participação de seções afiliadas a ela em junho de 1993.
Outros grupos trotskistas argumentam que a Quarta Internacional está morta. Eles conclamam a criação de uma nova “Internacional operária” ou uma Quinta Internacional.
Legado
Ao unir a grande maioria dos trotskistas numa única organização, a Quarta Internacional criou uma tradição que desde então já foi reivindicado por muitas organizações trotskistas.
Ecoando o Manifesto Comunista de Karl Marx e Friedrich Engels, o “Programa Transitório” terminava com a declaração: “trabalhadores – homens e mulheres – de todos os países, coloquem-se embaixo da bandeira da Quarta Internacional. É a bandeira de sua vitória que se aproxima!”. Declarou também demandas a ser feitas aos capitalistas, opôs-se à burocracia da União Soviética e apoiou a ação dos trabalhadores contra o fascismo.1 A maioria das demandas que fez aos capitalistas continuam por cumprir. O colapso da União Soviética ocorreu, mas através de uma revolução social que conduziu à restauração do capitalismo, ao invés da revolução política proposta pelos trotskistas. Muitos grupos trotskistas têm atuado em campanhas antifascistas, mas a Quarta Internacional nunca teve papel fundamental na derrubada de regime algum.
Os grupos que seguem as tradições que abandonaram a Quarta Internacional em seus primeiros anos argumentam que, apesar das posições inicialmente corretas, ela teve pouco impacto. O Luta Operária afirma que a QI “não sobreviveu à Segunda Guerra Mundial”.72 O movimento britânico Liberdade Operária, que segue a tradição do Partido dos Trabalhadores norte-americano, defende que “Trotsky e tudo o que ele representava foi derrotado e – temos que admitir – derrotado por todo um período histórico”.
Outros grupos apontam para um impacto positivo deixado pela QI. O CIQI alega que “a [primeira] Quarta Internacional consistiu principalmente de quadros que permaneceram fiéis a seus objetivos”, descrevendo muito da atividade precoce da Quarta Internacional como “correta e de baseada em princípios”. A QI reunificada afirma que “a Quarta Internacional se recusou a se comprometer com o capitalismo tanto em sua variante fascista quanto democrática”. Em sua opinião, “muitas das previsões feitas por Trotsky, quando fundou a Quarta Internacional se provaram erradas pela história. Mas o que vingou absolutamente foram seus principais juízos políticos”.
Quarta Internacional (pós-reunificação)
A Quarta Internacional (pós-reunificação) é a organização surgida na reunificação da Quarta Internacional no Congresso Mundial de 1963. A cisão ocorrera em 1953, em torno da tática apropriada para o período pós Segunda Guerra. No Congresso de 1951, a maioria dos delegados aprovou a proposta defendida por um de seus principais dirigentes, Michel Pablo, segundo a qual as sessões da IV Internacional deveriam realizar entrismo nos partidos Comunistas, Social-democratas e Nacionalistas-anti-imperialistas. Essa tática, que ficou conhecida como Entrismo sui generis foi defendida como uma forma de aproximar as sessões da IV, ao movimento real de massas, além de um prognóstico de que os chamados Estados Operários burocratizados (URSS e Leste Europeu, etc) e o stalinismo, iriam “inevitavelmente” a uma guerra contra o imperialismo norte-americano, retomando assim o caráter revolucionário que haviam perdido a partir da política do “socialismo em um só país”.
Em 1953, um número considerável de dirigentes (como James Patrick Cannon, Pierre Lambert e Moreno) abandonam a Internacional, apoiados pela maioria das sessões australianas, inglesas, chinesas, francesas (PCI), neo-zelandesas, suiças, americanas (SWP) e argentina (PST, que depois se tornaria o Movimiento al Socialismo – MAS). Formam então o Comitê Internacional da Quarta Internacional (CI).
A maioria da IV Internacional mantém o Secretariado Internacional (SI), enquanto instância de direção da Internacional, que se unificará em 1963 ao Comitê Internacional (CI) para formar o Secretariado Unificado da Quarta Internacional (SU).
Durante os dez anos seguintes a divisão de 1953 da Quarta Internacional, a maioria dos dois setores desenvolveram posições semelhantes para os principais problemas internacionais: oposição ao Stalinismo durante as crises de 1956 na Polônia e Hungria, o apoio à Guerra de Independência Argelina e a Revolução Cubana de 1959. Ao mesmo tempo, partes do Secretariado Internacional (SI) rejeitaram a orientação de Pablo sobre os Partidos Comunistas. Em 1960, sessões da CI-QI e SI-QI se reunificam no Chile, Índia e Japão. Em 1962, a convergência Política entre as maiorias dos dois setores era suficientemente forte para que o SI-QI e CI-QI estabelecessem um Comitê Paritário para preparar um Congresso Mundial conjunto. Esse congresso almejava a reunificação da Quarta Internacional.
No entanto, alguns grupos dos dois setores não apoiaram a movimentação em direção a reunificação. No processo do Congresso de 1961 os apoiadores do argentino Juan Posadas, a liderança do Secretariado Latino Americano, entraram em desacordo com os apoiadores de Michel Pablo sobre a ênfase da Revolução anticolonial: a maioria do SI-QI enfatizava o desenvolvimento das atividades na Europa. Além de Posadas e Pablo desenvolveram diferentes reações nas disputas no Stalinismo: Posadas tendeu para o lado de Mao, enquanto Pablo se aproximava de Khrushchev e Tito.
Um processo semelhante ocorreu no CI-QI. Em 1961 se dividiu politicamente, o Partido Comunista Internacionalista (PCI) na França e a Social Labour League (SLL) na Inglaterra argumentaram que um Estado Operário não havia sido criado em Cuba, o que os colocava em oposição ao SWP Americano e outras organizações no CI-QI. Em 1963, a divisão era também organizativa. Cada lado realizou um congresso que se reivindicou ser a maioria do CI-QI. Por um lado, as sessões Australianas, Chinesas e Neo Zelandezas (incluindo Nahuel Moreno) participaram do Congresso com o SWP e aprovaram a participação no Congresso de Reunificação. Por outro lado, O PCI de Pierre Lambert e o SLL de Gerry Healy convocaram uma “Conferencia Internacional dos Trotskistas” para continuarem o trabalho do CI-QI sob sua própria liderança.
Sétimo Congresso Mundial: a reunificação
Em junho de 1963, o Congresso de Reunificação (Sétimo) em Roma, congregou a ampla maioria das fileiras Trotskistas. Dentre os grupos do CI-QI e SI-QI, somente o PCI, SLL e os seguidores de Posadas se recusaram a participar. O Congresso elegeu uma nova liderança que incluiu Ernest Mandel, Pierre Frank, Livio Maitan e Joseph Hansen.
Este também adotou uma resolução estratégica elaborada por Mandel e Hansen, “Dinâmicas da Revolução Permanente Hoje”, que se tornou o documento de referência para o Secretariado Unificado durante as décadas seguintes. Este argumentava que “as três formas da Revolução Mundial”: a Revolução anticolonial, a Revolução política nos Estados Operários Burocratizados e a Revolução proletrária nos países capitalistas, formavam uma unidade dialética. Cada forma influencia as outras e recebe, por outro lado, poderosos incentivos ou freios ao seu próprio desenvolvimento. Refletindo sobre a Revolução Cubana, que se produziu sem um partido revolucionário, se concluiu que “a fraqueza do inimigo em países atrasados abriu a possibilidade de chegar ao poder com um exército autônomo às massas”. Esta visão foi reforçada no ano seguinte, na resolução do Secretariado Unificado “O Caráter do Governo Argelino” elaborada por Joseph Hansen.
O Congresso de Reunificação também adotou uma resolução sobre “O Conflito Chinês-Soviético e a situação na URSS e nos demais Estados Operários”. A resolução apontou o declínio da autoridade do Kremlim tanto no interior dos Partidos Comunistas como entre o movimento antiimperialista, como os de Cuba e Argélia. Este caracterizou a “desestalinização” como uma liberalização defensiva da Burocracia. A divisão Chinesa-Soviética era vista como reflexo “das diferentes necessidades das burocracias chefiadas por duas lideranças. (…). A busca de acordo, e acima de tudo um acordo global, com o Imperialismo entra em contradição com a busca dos dirigentes Chineses por mais ajuda e melhores defesas contra a forte pressão do imperialismo.” A Tendência de Pablo havia construído uma conclusão mais otimista dos impactos da “desestalinização”. Esta apresentou uma contra-resolução, mas recebeu apenas o apoio de uma pequena minoria. Esta rompe publicamente com a internacional um ano mais tarde, seguida por Pablo.
Após 1963
Uma nova saída se registrou em 1964, quando a única organização de massas na Internacional, o Lanka Sama Samaja Party do Ceilão, foi expulso após aderir a um governo de coalização naquele país. Em 1960, o SI-QI já havia criticado fortemente a tática parlamentarista do LSSP, que por sua vez não participou do Congresso de 1961, porém se fazendo representar no Congresso de 1963 por Edmund Samarakkody.
Oitavo Congresso Mundial (1965)
No Oitavo Congresso Mundial, realizado em Dezembro de 1965 na Montanha Taunus na Alemanha, Samarakkody foi delegado novamente por uma nova sessão no Ceilão, o LSSP (R), formado por uma tendência “ortodoxa” no LSSP. Sessenta delegados compareceram ao Congresso, que apontou um crescimento na radicalização dos estudantes e da juventude. A principal resolução “A Situação Internacional e as Tarefas dos Marxistas Revolucionários” enfatizou a solidariedade de suas sessões com os embates antiimperialistas, como no do Vietnã, e a intervenção na radicalização da juventude e na crise no Comunismo internacional. Outras resoluções importantes foram adotadas sobre a “África”, “Europa Oriental” e aprofundou o debate sobre a “ruptura Soviético-Chinesa”.
Este Congresso reconheceu dois grupos simpatizantes na Inglaterra. Um deles, a Revolutionary Socialist League, opôs-se ao que ele considerou uma forma acrítica de apoio da Internacional com os movimentos de libertação anticolonial. E considerou como antidemocrática a decisão da International dar reconhecimento oficial a um segundo grupo, considerado rival. Logo após deixou a Internacional, fazendo com que o “International Group” se tornasse a seção britânica.
Nono Congresso Mundial (1969)
A Internacional cresceu substancialmente nos anos 60, assim como a maioria dos grupos de esquerda. O Nono Congresso Mundial realizado em abril de 1969 na Itália reuniu cem delegados e observadores de 30 países, incluindo novas sessões na Irlanda, Luxemburgo e Suécia e outras reconstruídas na França, México, Espanha e Suíça. O Congresso adotou uma resolução principal sobre a profunda “radicalização da juventude”. Ao longo dos anos seguintes, suas sessões continuaram a crescer principalmente por meio da campanhaa de oposição à Guerra do Vietnã, assim como da radicalização dos estudantes e da juventude.
De 1969 a 1976, A Internacional é sacudida por um debate caloroso sobre a importância das “guerrilhas” na América Latina e demais continentes. Em 1969, o Congresso adotou uma posição favorável às táticas de guerrilhas em casos precisos, apesar da oposição de um dos dirigentes da Internacional, o Chinês Peng Shuzi e de seu texto “Retorno ao Trotskismo”.
Décimo Congresso Mundial (1974)
Em fevereiro de 1974, os votos no Décimo Congresso Mundial foram muito divididos (45/55) sobre a questão da luta armada, com uma grande oposição minoritária à utilização generalizada das guerrilhas na América Latina. De fato a “Tendência leninista Trotskista” (sustentada principalmente pelo SWP Americano e várias outras sessões) teve êxito no convencimento de uma parte da Internacional de que a orientação do congresso anterior, favorável às táticas de guerrilha, foi um erro.
Este Congresso de 1974 registrou também um aumento considerável de seus participantes, com organizações vindas de 41 países. Segundo Pierre Frank, “aproximadamente 250 delegados de 41 países diferentes participaram (no Congresso), representando 48 sessões da Internacional e de organizações simpatizantes. Comparado ao Congresso anterior, a força numérica da Quarta Internacional foi déz vezes superior” No período do Décimo-primeiro Congresso, um novo nível de unidade parecia ter se desenvolvido na Internacional.
Décimo Primeiro Congresso Mundial (1979)
Realiza-se em novembro de 1979 e reunie 200 delegados de 48 Países. O Décimo Primeiro Congresso Mundial reflete o ascenso revolucionário mundial em declive nos últimos anos. Nenhuma nova sessão é reconhecida mas se registrou um nítido aumento dos efetivos na Espanha, México, Colômbia e França. Várias resoluções sobre a situação mundial são adotadas majoritariamente: “A América Latina”, “A situação das mulheres” e “Europa Oriental”. O Congresso Mundial orienta que suas sessões deveriam operar um “giro operário”, e inicia uma discussão sobre o lugar do pluralismo na “democracia socialista” que continuará até 1985. Convida-se o “Worker Socialiste League” da Inglaterra para contribuir no Congresso, uma relação que começa e se efetiva em 1987 com a entrada do “International Socialist Group” (sucessor do WSP) na Internacional.
O debate mais controverso que antecedeu o Congresso tratou da revolução na Nicarágua. A maioria da Internacional defendeu que a Frente Simon Bolivar deveria se desarmar, e manter sua própria organização, ou estabelecer construção de uma sessão armada no interior do FSLN. A Frente não se desarma e é expulsa pela Frente Sandinista de Libertação Nacional. A posição da maioria da IV Internacional, foi considerada uma subordinação da internacional à direção sandinista pela Fração Bolchevique, liderada por Moreno. Na leitura da FB, o Congresso recusara apoiar os militantes de sua própria organização que haviam sido presos – e alguns, inclusive, torturados – pelo governo nicaraguense. Duas correntes internacionais, a Tendência Lênin-Trotsky (TLT) e a Fração Bolchevique (FB) não participam do Congresso e se retiram da Quarta Internacional para tentar uma unificação com o Comitê de Reconstrução da Quarta Internacional (CORQUI). Este comitê paritário que reivindicava “reconstruir a IV Internacional” teve sua experiência frustrada um ano depois.
Décimo Segundo Congresso Mundial (1982)
Em maio de 1982, a Quarta Internacional inicia um debate importante em vista do Décimo Segundo Congresso Mundial. De fato, o período anterior ao Congresso coincide com uma crise profunda no SWP Americano. Os dirigentes do SWP desenvolveram um desacordo profundo com a Internacional e se retiraram progressivamente de sua direção. Em 1982 o Bureau Político do SWP rejeita a teoria da “revolução permanente” um elemento central das teorias Trotskistas. O Partido tenderá a se aproximar cada vez mais do “castrismo” (apoio incondicional à Cuba e às táticas guerrilheiras). As mudanças no SWP Americano serão uma discussão central do Congresso. Eles sairão oficialmente da Internacional em 1990 seguido pelo SWP Australiano, cujas razões da saída eram idênticas. Após a retirada do SWP Americano, a Internacional foi incentivada a publicar a Revista Marxista Internacional (RMI) em 1982 e o Imprecor em 1983 (RMI será fundida com o Imprecor em 1995). A Internacional deu suporte à criação do “Instituto Internacional de Pesquisa e Formação” (IIRE), ativo até os dias de hoje.
Mais de 200 delegados e observadores participaram no Décimo Segundo Congresso Mundial em janeiro de 1985. As principais resoluções foram adotas por uma maioria expressiva dos delegados. Novas sessões foram reconhecidas no Brasil (Democracia Socialista), no Uruguai, no Equador, no Senegal e na Islândia, assim como um grande número de sessões simpatizantes, aumentando o número de países integrantes da Internacional para 50. Uma resolução importante é adotada sobre “A Ditadura do Proletariado e a Democracia Socialista”, sistematizando uma discussão do Congresso Mundial de 1979.
Décimo Terceiro Congresso Mundial (1991)
O Décimo Terceiro Congresso Mundial, em fevereiro de 1991, foi um dos mais ambiciosos, impulsionado pelos eventos recentes que mudaram a correlação de forças a nível mundial. Suas resoluções abordam a “Nova Ordem Mundial”, a integração do Bloco Oriental à economia capitalista, o feminismo e a crise da esquerda latino-americana. As resoluções apontam para um retrocesso na luta anticapitalista, levando em consideração as derrotas na América Central, a contra-revolução no Bloco Oriental e no enfraquecimento do movimento operário. O Congresso rejeita maciçamente uma contra-resolução proposta pela tendência sustentada por militantes do “International Socialist Group” (Inglaterra) e da Liga Comunista Revolucionária (França). Segundo esta Tendência, a crise do Imperialismo iria se acelerar nos anos seguintes.
Um debate se desenvolveu sobre uma resolução: “Ecologia e Revolução Social”, provisoriamente adotada para ser definitivamente ratificada no Décimo Quarto Congresso. Foi aprovado também linhas gerais de um manifesto programático, intitulado “Socialismo ou Barbárie no seio no limiar do Século XXI”, que será aprofundado em janeiro de 1992 quando do encontro do Comitê Executivo Internacional. Ao final, uma nova sessão foi reconhecida no Sri Lanka, o Nava Sama Samaja Pakshaya, aumentando assim notadamente os efetivos da Internacional.
Décimo Quarto Congresso Mundial (1995)
De forma global, o período depois de 1991 foi muito desfavorável aos marxistas. O Décimo Quarto Congresso Mundial de junho de 1995, realizado em Rimini na Itália, tratou essencialmente da queda definitiva da URSS e do realinhamento dos partidos comunistas e do movimento internacional dos trabalhadores. O Congresso foi acompanhado por 150 participantes de 34 países: delegados de outros nove países não puderam comparecer. As resoluções mais importantes são apoiadas por 5/6 dos delegados presentes. As resoluções enfatizam a falência da social-democracia e as oportunidades de reagrupamentos políticos. Uma tendência minoritária se forma no congresso pelo “International Socialist Group” (Inglaterra) e Socialist Action (Estados Unidos), que defende a construção das sessões da Quarta Internacional para além destes reagrupamentos.
As resoluções do Congresso adotam uma política que incentiva um realinhamento e reorganização da esquerda, que incorporasse assim outros partidos que alegam estar inseridos na luta de classe, como o “Partido da Refundação Comunista” na Itália, “Esquerda Unida” na Bélgica, “Partido Africano pela Democracia e o Socialismo” no Senegal e o Partido dos Trabalhadores no Brasil, que enviaram todos representantes para o Congresso da Internacional. Este Congresso foi também o momento de uma reunificação, sobretudo simbólica, entre a pequena tendência de Michel Pablo e a Internacional que eles haviam deixado em 1964 (a tendência) e em 1965 (Pablo). Michel Pablo e Ernest Mandel, ambos morreram pouco tempo depois.
Décimo Quinto Congresso Mundial (2003)
Em fevereiro de 2003, quando o Décimo Quinto Congresso Mundial foi realizado na Bélgica, uma transformação substancial havia ocorrido numa parte da Internacional. Em muitos Países, sessões da Internacional tinham se reorganizado enquanto tendências de Partidos mais amplos, enquanto a Internacional tinha estabelecido relações amigáveis com um conjunto de outras tendências internacionais. As resoluções do Congresso foram debatidas por mais de 200 participantes incluindo delegações das sessões, de grupos simpatizantes e observadores permanentes da Alemanha, Argentina, Áustria, Austrália, Bélgica, Brasil, Canadá (anglófono e francófono), Dinamarca, Equador, Espanha, França, Grécia, Países Baixos, Hong Kong, Índia, Inglaterra, Itália, Irlanda, Filipinas, Japão, Líbano, Luxemburgo, Martinica, Marrocos, México, Noruega, País Basco, Polônia, Portugal, Porto Rico, Sri Lanka, Suíça, Suécia, Uruguai e Estados Unidos.
O Décimo Quinto Congresso adotou novos estatutos que transferiram os poderes do Secretariado Unificado para duas novas instâncias da Quarta Internacional: um Comitê Internacional (CI), que se encontra duas vezes por anos e um Bureau Executivo como centro ativo de coordenação.
Décimo Sexto Congresso Mundial (2010)
A Internacional iniciou em março de 2008 a preparação do seu Décimo Sexto Congresso Mundial, que aconteceu na Bélgica em 2010. A agenda do congresso foi pressedidas das discussões na reunião de 2009 do Comitê Internacional 1 :
A situação política mundial. De acordo com a Internacional, o desenvolvimento de resistências contra o neoliberalismo, e portanto de uma das formas que o capitalismo se apresenta, sugerem novas tarefas para os revolucionários;
A construção de partidos anticapitalistas amplos. As sessões da Quarta Internacional têm diferentes experiências desta tática;
A mudança climática e o movimento ecológico. A campanha sobre as mudanças climáticas é uma das prioridades da Internacional e provoca ainda debates construtivos em seu seio. Notadamente sobre as novas formas de poluição, os interesses econômicos que estão em jogo, as soluções possíveis e a abordagem dos ecologistas não revolucionários;
A Estratégia Revolucionária na América Latina
De acordo com Alan Thornett, liderança da Seção Inglesa, “Existiram mais de 200 delegados, observadores e convidados de aproximadamente 40 países, incluindo representantes da organização francesa Lutte Ouvrière, a venezuelana Marea Socialista, e do NPA francês. Delegados vindos “da Australia ao Canada, Argentina à Russia, China à Englaterra, e Congo aos Estados Unidos.” O Congresso teve uma participação especialmente forte da Asia, incluindo a nova seção russa Vpered, o Partidos dos trabalhadores do Paquistão (Labour Party Pakistan), a seção reunificada do Japão e uma organização em Hong Kong.
A IV internacional nos dias atuais
Hoje, a Internacional é considerada pela maioria dos outros grupos trotskistas como o maior e mais desenvolvido dos grupos trotskistas internacionais, com sessões e grupos simpatizantes em mais de 60 países. Apesar de outros grupos internacionais de trotskistas existirem, nenhuma reivindica ser maior que a Quarta Internacional Reunificada.
Desde o Congresso de 1995, a Internacional continua a se abrir a participação de outras correntes. Em 2004, por exemplo, Democratic Socialist Perspective da Austrália, International Socialist Movemente da Escócia e International Socialist Organization dos Estados Unidos participaram das reuniões do Comitê Internacional. A Internacional organizou também um
Encontro Internacional dos Partidos Radicais no quarto Fórum Social Mundial.
O Congreso é a instância superior da Internacional. Mas os debates, comunicados e as decisões não se limitam aos Congressos Mundiais. Através de diferentes jornais, principalmente Inprecor (revista em francês da Quarta Internacional), International Viewpoint (versão inglesa da Inprecor) e La Gauche, e suas instâncias como o Comitê Internacional e o Bureau Executivo, a Internacional apresenta suas análises sobre a Conjuntura mundial e nacional, aconselha orientações políticas para suas sessões, dialoga com elas e as ajuda de diversas maneiras quando é necessário (materialmente, financeiramente, intercâmbio com militantes experiêntes), demonstrando assim sua capacidade de intervenção na realidade.
Além disso, há 20 anos é realizado anualmente o Encontro Internacional de Jovens que é o acampamento de verão da Juventude da Quarta Internacional. Ele reúne centenas de jovens de dezenas de países (do continente europeu, mas também asiático, americano e africano) em um acampamento para uma semana de debates, troca de experiências, reencontros e decisões em um ambiente festivo. Ele se realiza habitualmente no sul da Europa e ocorre no fim de julho. Os jovens da Internacinal em cada país ficam encarregados de organizar o Acampamento sob o princípio da Autogestão. O próximo acampamento será na Itália.
A IV Internacional no Brasil
Na história recente do trotskismo no Brasil, em 1985, a IV Internacional reconheceu a Democracia Socialista (Corrente Interna do PT) como sua sessão Brasileira. Ao longo dos anos, a DS se tornou uma das principais sessões da Quarta Internacional, principalmente na política de participação em partidos mais amplos.
Em 2002, a Internacional tinha fortes dúvidas da participação de um dirigente brasileiro no Governo de Lula, explicada em seguida: “existia avaliações diversas, no interior da Internacional, assim como entre vocês. Mas uma vez que a Democracia Socialista tomou a decisão de participar, sem mascarar nossas dúvidas e reservas, respeitamos a sua escolha e procuramos contribuir ao invés de por empecílhos. Assim, esforçamo-nos em convencer aos camaradas de nossas próprias sessões que a questão de participar num governo, deveria estar subordinada à orientação geral de um governo. Infelizmente, não havia suspense nesta orientação. Durou até a nomeação de Meirelles e Palocci e as primeiras medidas anunciaram muito depressa a cor deste governo.”
Com o tempo, a Internacional se torna ainda mais crítica sobre o papel da sua sessão brasileira no Governo Lula “ Os setores (da esquerda do PT) tentam mobilizar as suas bases para o próximo congresso do partido em Dezembro e planejam participar ativamente na campanha eleitoral de PT em 2006. Mas o preço a pagar para permanecer no PT nestas condições é pesado: apoiar o Governo, compartilhar o mesmo partido que dirigentes acusados de corrupção, ser solidário de uma das políticas neoliberais de maiores conseqüências para a América Latina (…) Reivindicar posições anticapitalistas e apoiar Lula… enquanto haverá uma candidata Heloisa Helena (integrante do PSOL, na época, parte da corrente da nova sessão da Quarta Internacional no Brasil) que defenderá uma série de posições radicais contra o Capitalismo Liberal? Como apoiar Lula contra Heloisa para centenas de militantes da DS?”.
Desde 2005, todos as relações com a Internacional foram rompidas pela Democracia Socialista, que não é mais considerada a sessão Brasileira. Uma parte da Democracia Socialista, que se opôs à participação no Governo, romperam e participam do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) e constituíram uma corrente com outros agrupamentos, o ENLACE Socialista, na qual participam os militantes identificados com a Quarta Internacional.
Sessões da Quarta Internacional
Alemanha – Internationale Sozialistische Linke
Alemanha – Revolutionär Sozialistischer Bund
Antilhas – Groupe Révolution Socialiste
Austria – Sozialistische Alternative
Bélgica – Ligue communiste révolutionnaire / Socialistische Arbeiderspartij Partij
Brasil – Coletivo ENLACE Socialista, corrente que se organiza no PSOL.
Canadá – Fourth International Caucus of the NSG
Canadá – Socialist Action
Chile – Tendencia Socialista Revolucionaria
Colombia – Presentes por el Socialismo
Dinamarca – Socialistisk Arbejderparti
Egito – Section of the Fourth International
Equador – Corriente Democracia Socialista
Equador – Democracia Socialista – Nuevo Proceso
Espanha – Espacio Alternativo
Espai Alternatiu – Valencia
Espacio Revolucionario Andaluz
Espacio Alternativo de Burgos
Ezker Alternatiboa – País Basco
Espacio Alternativo Madrid
Revolta Global – Catalunha
Estados Unidos da América – Socialist Action
Filipinas – Rebolusyonaryong Partido ng Manggagawa – Mindanao
França – Nouveau Parti Anticapitaliste
Grécia – Organosi Kommouniston Diethniston Elladas – Spartakos
Países Baixos – Socialistische Alternatieve Politiek
Reino Unido – International Socialist Group
Índia – Inquilabi Communist Sangathan
Irlanda – Socialist Democracy
Itália – Sinistra critica
Libano – Tajammu’ al-Shuyu’i al-Thawri / Grupo Comunista Revolucionário
Luxemburgo – Revolutionär Sozialistesch Partei / Partido Socialista Revolucionário
Marrocos – Al-Mounadhil
Noruega – Forbundet Internasjonalen i Norge
Paraguai – Partido Convergencia Popular Socialista
Polônia – Nurt Lewicy Rewolucyjnej, NLR
Portugal – Partido Socialista Revolucionário (atualmente Bloco de Esquerda)
Porto Rico – Taller de Formación Política
Québec – Gauche Socialiste
Síria – Antiglobalization Activists in Syria
Sri Lanka – Nava Sama Samaja Pakshaya
Senegal – And-Jëf/Parti africain pour la démocratie et le socialisme (AJ/PADS)
Suécia – Socialistiska Partiet
Tunísia – Organisation communiste révolutionnaire
Turquia – Yeni Yol