Max Nettlau

Max-Nettlau

Max Heinrich Hermann Reinhardt Nettlau (Neuwaldegg, Áustria, 30 de Abril de 1865 – Amsterdã, Holanda, 23 de Julho de 19431 ), mais conhecido como Max Nettlau, foi um dos mais importantes historiadores e arquivistas do anarquismo.

Vida

Vindo de uma família judia bastante acomodada, Nettlau teve uma educação de influência liberal a partir de suas leituras e pelo vínculo familiar, já que não foi intelectualmente estimulado pela família, com a qual também não teve uma ligação sentimental. Após o ensino secundário na Áustria, passou a ler livros de filósofos alemães. Seu doutorado seria concluído aos 23 anos quando apresentou uma tese sobre as línguas celtas.

Durante estudos na Universidade de Viena, passou a ter interesse por movimentos sociais e tornou-se membro da Liga Inglesa Socialista (1885-1890), quando também assumiu sua postura anárquica.

Em Londres, travou amizade com Piotr Kropotkin e Errico Malatesta, com os quais manteve correspondência pelo resto de sua vida.

Reuniu uma enorme quantidade de materiais impressos durante toda sua existência, como jornais anarquistas, manifestos, folhetos e cartazes, que deram origem ao renomado Instituto Internacional de História Social (IISH), de Amsterdã.

Nettlau viveria basicamente de seus livros e artigos.

Ascético e filosófico, sua aparência remetia a impressão de um homem insensível, mas a injustiça e a violência o incomodavam profundamente. Sua trajetória é também marcada pela dedicação integral à produção de seus livros bem como para a sua coleção.

Morreu em 23 de julho de 1943, em Amsterdã, vítima de câncer.

Obras

Desde 1880, dedicou-se a escrever sobre Mikhail Bakunin. A partir de 1892, graças a uma herança da família, decidiu dedicar-se integralmente à história do anarquismo e passou a viajar pela Europa à procura de pessoas que conheceram Bakunin, ainda que durante toda sua trajetória fosse considerado um homem independente. Desse trabalho, que mostrou a verdadeira vocação para o ofício de historiador, resultaram uma biografia em 3 volumes (1896-1900) e Bibliographie de l’anarchie (Bruxelas, 1887).

As biografias de Errico Malatesta e Elisée Reclus, bem como a história do anarquismo, renderam sete volumes.

Com o fim da Primeira Guerra e suas economias arrasadas pelos efeitos da inflação alemã, passou a viver então em absoluta precariedade, a ponto de, em 1935, se ver obrigado a vender seu acervo. Em 1938, durante a anexação da Áustria pela Alemanha, decidiu se estabelecer definitivamente na Holanda. Com a invasão nazista, presenciou a ocupação do Instituto e o transporte de sua coleção, e infelizmente não viveu para ver a reabertura do acervo.

Seus arquivos de documentos pessoais incluem correspondências enviadas a Thérèse Bognar entre 1901 e 1907 e a escrita em um diário de 1907 a 1921. Outras memórias e notas continuaram a ser escritas até 1943.

Manteve ainda a troca de correspondências com movimentos anarquistas e personalidades britânicas, francesas, russas, alemãs, belgas e holandesas, o que revelaria a paciência de um arquivista.

O resultado dessa produção foi reunir o maior rol mundial de documentos relacionados ao anarquismo.

Foi considerado durante muito tempo o primeiro e único historiador anarquista.

Nettlau por alguns autores

Rudolf Rocker o classificou de “o Heródoto do anarquismo”.

José Peirats descreve que Nettlau não foi apenas um militante, mas um teórico da razão, que se dedicou a entender e descrever objetivamente, de acordo com o contexto, as diversas escolas, tendências e multiplicidade das formas. Peirats o descreve também como um investigador incansável, uma enciclopédia viva do anarquismo.

Pelo seu método de análise é, porém, considerado excessivamente idealista.