15 de Novembro – Proclamação da [NÃO] República do Brasil

Por lei, hoje é feriado nacional. Comemora-se mais de  120 anos do golpe militar que derrubou a Monarquia e instaurou o regime republicano. Alguém há de perguntar: quais foram as conquistas da República? Vá lá: a atual estabilidade política, que vem desde 1988 com a promulgação da sétima Constituição republicana é, inegavelmente, uma conquista. Há  24 anos (dentro dos 512 anos de existência do Brasil) estamos vivendo num Estado de Direito(ao menos era pra ser)…

Proclamação da República do Brasil
Proclamação da República do Brasil
Até 1988 a História registra que em 100 anos de república,  tivemos 9 golpes de estado, 13 ordenamentos constitucionais, 7 Constituições, 4 assembleias constituintes e o Congresso Nacional –  em nome da Liberdade – foi fechado 6 vezes, inclusive pelo primeiro Presidente, Marechal Deodoro da Fonseca. Tem mais: ocorreu – até 1988 – censuras nos meios de comunicação inclusive com o fechamento de jornais e periódicos. Tivemos ainda, naqueles 100 anos,  8 moedas e uma inflação que chegou a 64,9 quatrilhões %, a qual só foi estancada em 1994 (alguém ainda lembra de FHC?) , com o advento do REAL. Parece que o nome deu sorte…

Alguém há de perguntar: E como foi na Monarquia?  No Brasil Império, o Rei era o símbolo vivo da Nação. É claro que havia espaço para aventureiros, para “mensalões”, para negociatas, corrupção, nepotismo e a ordem e o respeito prevaleciam. O nosso Imperador D. Pedro II foi o árbitro em questões da França, Alemanha e Itália e era  segunda autoridade moral do mundo depois do Papa.

Um Rei é educado desde criança para reinar, e nunca somos pegos de surpresas, por novos governantes despreparados. O Congresso Nacional  do Império ombreava com o da Inglaterra;  a diplomacia brasileira era uma das primeiras do mundo. O Brasil-Império teve os primeiros Correios e Telégrafos da América, e o Brasil foi uma das primeiras Nações a instalar linhas telefônicas e o segundo país do globo a ter selo postal. A nossa marinha era a 2º do mundo e  o Brasil era tido como um país de 1º mundo junto com a Inglaterra, Estados Unidos, França e Alemanha.
No plebiscito de 1993, quando foi dado ao povo escolher para o Brasil permanecer República ou retornar à Monarquia, e a Monarquia teve, aproximadamente, sete milhões de votos (13% dos votos válidos) e, naquela época,  uma pesquisa do DataFolha mostrava que 21% da população brasileira  era monarquista ou simpatizante.
Por: Armando Rafael  

O Golpe Militar de 15 de Novembro de 1889

No Rio de Janeiro, os republicanos insistiram que o Marechal Deodoro da Fonseca, um monarquista, chefiasse o movimento revolucionário que substituiria a monarquia pela república. Depois de muita insistência dos revolucionários, Deodoro da Fonseca concordou em liderar o movimento militar.
O golpe militar, que estava previsto para 20 de novembro de 1889, teve de ser antecipado. No dia 14, os conspiradores divulgaram o boato de que o governo havia mandado prender Benjamin Constant Botelho de Magalhães e Deodoro da Fonseca. Posteriormente confirmou-se que era mesmo boato. Assim, os revolucionários anteciparam o golpe de estado, e, na madrugada do dia 15 de novembro, Deodoro iniciou o movimento de tropas do exército que pôs fim ao regime monárquico no Brasil.
Os conspiradores dirigiram-se à residência do marechal Deodoro, que estava doente com dispneia, e convencem-no a liderar o movimento.
Com esse pretexto de que Deodoro seria preso, ao amanhecer do dia 15 de Novembro, o marechal Deodoro da Fonseca, saiu de sua residência, atravessou o Campo de Santana, e, do outro lado do parque, conclamou os soldados do batalhão ali aquartelado, onde hoje se localiza o Palácio Duque de Caxias, a se rebelarem contra o governo. Oferecem um cavalo ao marechal, que nele montou, e, segundo testemunhos, tirou o chapéu e proclamou “Viva a República!”. Depois apeou, atravessou novamente o parque e voltou para a sua residência. A manifestação prosseguiu com um desfile de tropas pela Rua Direita, atual rua 1º de Março, até o Paço Imperial.
Os revoltosos ocuparam o quartel-general do Rio de Janeiro e depois o Ministério da Guerra. Depuseram o Gabinete ministerial e prenderam seu presidente, Afonso Celso de Assis Figueiredo, Visconde de Ouro Preto.
No Paço Imperial, o presidente do gabinete (primeiro-ministro), Visconde de Ouro Preto, havia tentando resistir pedindo ao comandante do destacamento local e responsável pela segurança do Paço Imperial, general Floriano Peixoto, que enfrentasse os amotinados, explicando ao general Floriano Peixoto que havia, no local, tropas legalistas em número suficiente para derrotar os revoltosos. O Visconde de Ouro Preto lembrou a Floriano Peixoto que este havia enfrentado tropas bem mais numerosas na Guerra do Paraguai. Porém, o general Floriano Peixoto recusou-se a obedecer às ordens dadas pelo Visconde de Ouro Preto e assim justificou sua insubordinação, respondendo ao Visconde de Ouro Preto:
Sim, mas lá (no Paraguai) tínhamos em frente inimigos e aqui somos todos brasileiros!
— Floriano Peixoto

Como podemos perceber, não há o que comemorar! Na verdade, essa “República” foi um golpe militar de uma elite contra outra. E o povo assistiu passivamente a mudança do regime, no qual o estado de coisas, a condição depauperada de vida da maioria continuou…