A Educação Anarquista e as Escolas Modernas

Anarquismo e Educação – O anarquismo é um termo de complexa definição. Ele apresenta-se, em algumas linhas de interpretação, como um conjunto de variadas idéias unidas por alguns pontos em comum. Woodcock aponta a dificuldade em estabelecer uma definição de anarquia:
“Descrever a teoria essencial do anarquismo é um pouco como tentar lutar com Proteu, pois as próprias características da atitude libertária – a rejeição ao dogma, a deliberada fuga a sistemas teóricos rígidos e, acima de tudo, a ênfase que dá à total liberdade de escolha, à primazia do julgamento individual – cria imediatamente a possibilidadede uma imensa variedade de pontos de vista, inconcebíveis num sistema rigoroso dogmático.” (Woodcock, 1983: 14)

O linguísta e professor Noam Chomsky, quando questionado em uma entrevista sobre o que entendia por anarquismo, respondeu:
“O termo anarquismo é usado para se referir a uma ampla gama de idéias políicas; mas eu prefiro pensá-lo como a esquerda libertária e não reformista, e, deste ponto de vista, o anarquismo pode ser concebido como um tipo de socialismo voluntário, que está, como o socialista libertário, o anarco-sindicalista ou o anarco-comunista, na tradição de, digamos, Bakunin ou Kropotkin e outros. Eles tinham em mente uma forma de sociedade altamente organizada(…).” (Chomsky, 2004: 47)
Segundo Chomsky, a ausência de governo e autoridade estaria longe da idéia de “caos” e “desordem”, imagens, infelizmente, até hoje associadas ao anarquismo, seja por ignorância ou por má fé. O anarquismo se opõe àquilo o que se convencionou chamar de “ordem”, aquela imposta de cima para baixo, que Piotr Kropotkin, um dos mais conhecidos pensadores anarquistas, qualifica como sinônimo de desigualdade, exploração, miséria, fome, guerra, servidão e morte (Kropotkin, 1998). O anarquista propõe uma nova organização social baseada, principalmente, em dois princípios básicos: a liberdade e a solidariedade. A crítica anarquista às leis e suas manifestações de desigualdade, opressão, exploração, violência, etc…. É muito enérgica. Kropotkin explica que “o anarquista nega, não apenas as leis existentes, mas também todo o poder estabelecido, toda a autoridade” Kropotkin, 1998: 07).