Abstenção consciente do processo eleitoral

Busca-se urgentemente um novo gestor para a perpetuação da miséria cotidiana, a desigualdade social, a exploração econômica, a alienação individual, o saque dos bens comuns e dos recursos naturais, e a destruição do meio ambiente. Alguém “digno” que imponha as soluções que sirvam aos poderosos deste mundo.

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No processo eleitoral mais indiferente e especificado com antecedência na história parlamentar, é chamado o povo supostamente soberano a dar primeiro a respiração artificial necessária ao moribundo corpo parlamentar da suposta representação popular. É chamado a determinar quem será o que cumprirá as ordens dadas desde cima, entre os que parecem muito iguais, inclusive se tratam de convencer-nos de sua diversidade. São iguais com respeito a suas obras e ao tratar de convencer-nos de que a organização da cotidianidade passa forçosamente pelas salas do Parlamento e, portanto, por eles. No entanto, são incapazes de convencer-nos. O manto da farsa parlamentar já é transparente e não pode ocultar a porcaria que tem coberta.

Há um vazio. É o vazio deixado pelo colapso da representação parlamentar na consciência coletiva do povo. É o vazio do fim da ilusão de que a esquerda pode mudar as coisas desde dentro, tomando o Poder. Há um vazio, no entanto, que pode ser preenchido pela barbárie das imposições e prescrições fascistas ou da grandeza da participação livre e igual nos assuntos públicos, que com um controle contínuo assegurará que os representantes sociais constantemente rotatórios, diretamente revogáveis e responsáveis ante a sociedade materializarão e coordenarão as decisões da base sem ter a capacidade de interpretá-las ou mal interpretá-las, obtendo benefício pessoal de seu cargo.

Tendo conhecimento de que as mudanças radicais se fazem só desde abaixo e só com revoltas e revoluções sociais, optamos conscientemente por não dar nenhuma legitimidade ao que nos mata, nos negamos aos processos eleitorais parlamentares, e tendo como ponto de partida nossos bairros, os locais de nosso trabalho, nossos interesses e necessidades comuns, resistimos e lutamos sem cessar, para que não exista nenhuma forma de exploração, edificando por sua vez o exemplo do novo modelo de organização social que garanta o respeito, a liberdade, a igualdade e a prosperidade de todos.

 

 

Via: Editorial do Atenas Indymedia