Como o Estado atua e oprime as liberdades dos indivíduos
Constantemente sofremos as coerções do Estado. Nossa liberdade é fatiada dia após dia. Muitas vezes somos forçados por tal instituição a nos calar diante de situações que nossas gargantas quase nos foge do controle, a nos redimir perante certas situações impostas de tal maneira a nos inspirar ódio para que não tenhamos que sofrer um mal ainda maior. Muitas são as formas despendidas pelo Estado para forçar-nos a enquadrar em seus padrões de comportamento.
Atualmente, não tão diferente de tempos atrás, ele vem desempenhando seu papel de forma singular, simples e na maioria das vezes eficiente.
O Estado desde sua cristalização dentro da sociedade organizada vem utilizando-se de dois mecanismos para manipular as massas populares: O Aparelho de Propaganda e o Aparelho de Repressão.
Os aparelhos de propagação da submissão e servidão não estão muito longe de nós. Dentro de nossas próprias casas sofremos com o uso (abuso) da educação ditatorial e da hierarquia patriarcal . Somos forçados a nos enquadrar nas regras da instituição familiar ditadas, muitas vezes, pelo genitor.
Saindo dos limites de nossos lares ainda existem outros dois veículos de propagação da passividade e servidão. O primeiro é a Igreja, que aliena e castra toda a vontade e individualidade em nome de um deus soberano, rei dos reis, representado pela hierarquia do santíssimo Clero, o qual todos devem submeter-se e idolatrar para ter sua esmola merecida: uma morada no paraíso! (não estou aqui afirmando que todos devam ser descrentes ou seja lá o que for, quero apenas ressaltar que os dogmas que a Igreja impõe para seus seguidores são os que transformam as pessoas em seres passivos e desinteressados por uma melhoria da sociedade como um todo). O segundo é a Escola, considerada por muitos anarquistas como o maior de todos os males do aparelho de propaganda. É na escola que somos literalmente adestrados para uma melhor prestação aos patrões e burgueses.
“Respeito à lei, este é o cimento que mantém a estrutura do Estado. A lei é sagrada e aquele que a desafia é um criminoso”. Sem crime não haveria Estado: o mundo da moral – ou seja, o Estado – está cheio de vagabundos, mentirosos, ladrões (…) O objetivo dos estados é sempre o mesmo: limitar o indivíduo, domesticá-lo, subordiná-lo, subjugá-lo.”
– Max Stirner
E vejam só! Desde muito jovens já somos vítimas de tamanha perseguição!
O aparelho que sofreu maior mudança na sua forma de atuar na sociedade foi o de propaganda que ao longo do desenvolvimento da ciência e da tecnologia acompanhou de olhos bem abertos.
Adquirindo a sofisticação atual das novas técnicas neuro-linguísticas na ciência; e dos meios de comunicação de massas, principalmente a televisão nas últimas décadas e mais recentemente da internet, nas novas tecnologias, o Estado vem ganhando novos aliados com o passar do tempo. Essa forma de imposição subliminar, ou seja, de forma sutil, quase que imperceptível, é largamente usada atualmente nas massas para propagar os ideais burgueses sem que as pessoas percebam a verdadeira intenção. Basta observar a mídia oficial que trabalha incessantemente em prol dos estadistas levando às pessoas através de todos os meios de comunicação de massa todas as agressões e mentiras recheadas da típica hipocrisia dos governistas (já que quase que todos os veículos de comunicação oficiais estão nas mãos de políticos). Pode-se ver exemplos claros aqui mesmo no estado do Rio Grande do Norte onde todas as TVs, jornais impressos e rádios estão nas mãos de parentes de políticos e são descaradamente usados para benefício do sistema eleitoreiro.
Quando esses meios não funcionam (e percebe-se que isso raramente vem acontecendo, basta ver toda a massa de pessoas embrutecidas e ignorantes) e pessoas começam a se rebelar por se acharem afetadas pela “desordem” do Estado, entra em jogo um outro meio para colocar na linha todo esse “rebanho desgarrado”: o Aparelho de Repressão.
Desde tempos imemoriáveis os militares existem para manter a dita ordem. Sempre a mando da burguesia eles são as pernas do Estado. Por se utilizarem da violência é bem provável que sua maior atividade seja desempenhada às escuras da vista do povo (as repressões não são efetivadas somente diretamente como muitos pensam acontecer, pois a opinião pública é muito importante para a existência do Estado); essas intervenções vêm acontecendo desde o princípio da existência de mentes insubmissas, quando grupos revolucionários ainda estão se formando; utilizam-se das práticas de investigações, da contra-propaganda, que é largamente usada (e nós anarquistas sofremos com ela até hoje) principalmente com o desenvolvimento e massificação de novas tecnologias, de sabotagens e até mesmo de infiltrações de agentes do Estado dentro dos movimentos populares revolucionários; e tudo isso acontece sem que muitas pessoas percebam.
Quando essas formas já não são o bastante para deter os rebelados entra em ação a violência propriamente dita, a violência tal qual é comumente associada aos militares e à polícia. Torturas, assassinatos, prisões e todo o tipo de intervenções violentas são praticados abertamente com justificativas de “manter a ordem”.
Observando a história podemos perceber claramente que os alicerces do Estado foram e ainda o são fundados no autoritarismo e na imposição. Não existiu e jamais existirá nenhum Estado que não seja ditador, nem mesmo na maior das democracias já existente nem muito menos em nenhum país pseudocomunista.
Dessa forma podemos perceber como o autoritarismo se manifesta no Estado.
Existe ainda alguns “comunistas” que defendem uma fase de transição da sociedade burguesa para a então sociedade dos proletários que chamam carinhosamente (que hilário!) de “Ditadura do Proletariado”, ditadura essa guiada pela “vanguarda” do partido comunista, que os trabalhadores deverão obedecer e servir. Ditadura, que como o nome já diz, simplesmente levaria o povo mais uma vez a caminhar rumo à submissão, à perda de liberdade, da autonomia, da inteligência e criatividade.
Portanto, se somos inimigos do autoritarismo e se todo Estado é e sempre será autoritário, hoje, mais do que nunca, declaramos guerra a qualquer que seja o Estado!
Não há Estado algum, seja ele chamado pelo nome que for, que não seja autoritário.
Nem mais um minuto de trégua!
-Anselmo Malaquias.
Natal, 24 de Fevereiro de 2001.
Veja também: Anarquistas contra o Estado