Ditadura do senso comum e a importância da propaganda revolucionária
Conscientizar, manter um diálogo com a população, fazer propaganda pelo ato não é fácil, cruzamos com indivíduos com pensamentos dos mais reacionários, mas é uma experiência de prática anarquista muito interessante e recomendável. Estamos vivendo em um tempo que as opiniões são dadas pelas redes sociais, o texto rápido, a informação relâmpago predomina, logo, o senso comum é rei e ditador. As opiniões são simples, sem amadurecimento de idéias, não é desenvolvida nenhuma criticidade, na maioria das vezes, é somente uma opinião formulada, baseada em “achismos” e como “achismo” ficará.
Carente de um senso crítico desenvolvido, a maioria dos brasileiros vive de opiniões de massa, mas não é só privilégio dos brasileiros. Somos patriotas, somos nacionalistas, somos ufanistas: até deus ganhou nacionalidade brasileira, coitado!
Mas como ter uma consciência crítica sem ter uma educação de qualidade? No reinado da família real do senso comum as coisas se tornam polares, ou você é ou você não é, não existe um meio termo entre dois pontos distintos, ou seja, exemplificando: ou você é de um partido ou de outro partido com maioria; ou você é daquele lado ou daquele outro lado. O meio termo sumiu da face do Brasil, foi deportado.
A ditadura do senso comum é alimentada pela mãe mídia, ávida por notícias sem profundidade e dona de todas as parcialidades, quem paga mais e quem está no poder será o protegido. A mídia defende interesses nítidos: o de se manter viva e o de manter vivo aquele que a abastece. Aqueles indivíduos ou coletivos que forem contra o patrão da mídia será criminalizado e demonizado. E quem é o patrão da mídia? São vários: Estado, Igreja, Burguesia, Bancos, ou seja, quem detém o poder.
A informação de todo o brasileiro sai da mídia, pelo menos da grande maioria. O que o jornal nobre diz é lei e é a mais pura verdade, não se pode contestar. Aquele que buscar, o mínimo possível de informação alternativa entenderá que a grande mídia mente e busca sempre validar o poder de uma minoria sobre uma maioria. Logo, a informação transmitida pelas grandes emissoras da tevê aberta é, sem sombra de dúvida, a informação que o sistema quer que a população saiba. O Estado não quer seus cidadãos informados, ele precisa manipulá-los e, quando há várias informações sobre um assunto disponíveis, fica difícil controlar a mente alheia.
O controle dá-se pela falta de acesso a uma educação de qualidade unida a pouca informação disponível, daí vem àquela frase “informação é poder”. Aquele que não pode pagar por mais informações vive a mercê do que é dito. Aqueles indivíduos que vivem dessa poucas e controladas informações não conseguem reconhecer os movimentos contestatórios que se formam ou que se formaram. Por isso as opiniões da maioria da população são contrárias as manifestações que, nos últimos meses, aconteceram em todo o Brasil. São contrárias porque não possuem outra informação a não ser aquela que a grande mídia transmite.
Criminalizando esses e outros tantos movimentos sociais, a mídia corta o diálogo entre esses manifestantes e todo o resto da população que sofre exploração igual ou pior. O individuo não se vê dentro daquela contestação, sendo muitas vezes a dele próprio, ele foi manipulado a não se identificar com toda a onda de protestos. E com isso várias pessoas que aumentariam as linhas de frente e de contestação, são deixadas de lado, não participam e negligenciam toda a mobilização que está acontecendo. A mídia é uma das grandes culpadas da não participação da massa popular, ela faz seu trabalho com primazia, com astúcia e com louvor, seus chefes à aplaudem. O governo usa a mídia como forma de oprimir o trabalhador que, vivendo sobre exploração, não tem voz para se defender das opressões; e não possuí essa voz porque não participa da vida pública, não interage com os movimentos contestatórios e, quando se vê na necessidade de protestar, está sozinho, perdido no emaranhado de injustiças e mentiras propagadas pela grande imprensa. Foi desenvolvida a idéia de que, quem protesta, está atrapalhando a vida pacata do trabalhador. Manifestações são vistas como bagunças promovidas por organizações criminosas. Vivemos a criminalização dos movimentos sociais, de protesto e de contestação, mas enganam-se quem pensa que é de agora. A mídia, a serviço do capital e dos interesses do Estado, sempre criminalizou os movimentos sociais, sejam eles quais forem, principalmente aqueles que desejam a extinção do seu maior financiador: o Estado.
A propaganda deve continuar, sempre sendo formas de informar àquela população que não tem acesso, sempre sendo uma alternativa e como forma de contestar o sistema vigente, sistema esse que feri a liberdade e impedi o crescimento daqueles que estão no nível mais baixo da pirâmide exploratória do capital, aqueles que são esquecidos pelos poderes públicos.