Eduardo Maia (Alijó, distrito de Vila Real, a 8 de Janeiro de 1845) foi um médico e escritor político português que inicialmente militou pelo socialismo até ter contato em 1879 com as obras de Piotr Kropotkin e passar a se declarar anarquista em discursos e num opúsculo publicado mais tarde. Ainda como militante socialista foi um dos fundadores do Partido Operário Socialista Português e colaborador próximo de Azedo Gneco. Foi membro da secção portuguesa da Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT – Primeira Internacional) e um dos primeiros anarquistas portugueses.
Biografia
Ingressou na Escola Médico Cirúrgica de Lisboa, onde apresentou a sua tese subordinada ao título Ruptura do Útero, sendo presidente do jurí José Eduardo de Magalhães Coutinho e como examinadores Manuel Nicolau Bettencourt Pitta, Pedro Francisco Alvarenga, Joaquim Teotónio da Silva e José Gregório Teixeira Marques. Enquanto estudante de medicina, curso que fez com o apoio dos irmãos e durante o qual se dedicou ao ensino secundário.
Exerceu atividade clínica em Lisboa, tendo inicialmente um consultório homeopático e a partir de 1882 instala-se no Hotel da Saúde, a Rua Saraiva de Carvalho.
Foi um dos fundadores da Associação do Registo Civil em 1876. Além disso foi ainda um dos fundadores da Federação Acadêmica de Lisboa.
Casou em 9 de Setembro de 1877 com Júlia de Faria Maia, celebrando-se a cerimónia na Igreja de S. Nicolau.
Desde muito cedo envolvido na vida política, colaborando na imprensa política da época, em particular a republicana, mas também a socialista e anarquista. Participando no Centro Promotor dos Melhoramentos das Classes Laboriosas foi convidado, em 1872, a participar como relator, na comissão redactora dos novos estatutos para a associação operária juntamente com José Fontana, Sousa Brandão, Nobre França e Luís Eça. Esses estatutos foram aprovados em reunião de 8 de Março de 1872. A propósito, o Dr. Eduardo Maia, assume em 1873, a sua função de membro da seção portuguesa da Associação Internacional dos Trabalhadores e um dos primeiros anarquistas do País, publica nesse ano A Internacional, Sua História, Sua Organização e seus Fins. Colaborando no jornal República Federal, que se publicou em Lisboa que saúdam com entusiasmo a proclamação da República em Espanha em 12 de Fevereiro de 1873. Nessa fase viu dois dos seus artigos serem querelados judicialmente pelas autoridades, facto que demonstra a dureza dos seus escritos. Sabe-se que o Dr. Eduardo Maia esteve também ligado ao primeiro diretório do partido republicano, mas que rapidamente se desvinculou do mesmo devido às várias cisões internas a que se assistiram nesse período. Terá participado nas reuniões iniciais mas depois afastou-se desta agremiação política. Era ainda um dos elementos da tertúlia que habitualmente se reunia na Livraria Nova Internacional de Carrilho Videira, juntamente com Silva Pinto, Nobre França, Silva Lisboa e Martins Contreiras.
O seu percurso político inicia-se com o republicanismo federal depois envereda pelo socialismo libertário. Após o congresso da Associação Internacional de Trabalhadores realizado em Haia, em 1872, Eduardo Maia desenvolve claramente uma atividade libertária, convertendo-se mesmo ao anarco-comunismo de Kroptkine, em 1879, facto que assume com naturalidade, mas que é muito criticado pela sociedade do seu tempo, quando essa situação era extremamente rara.
O falecimento do Dr. Ayres Maia, em 1874, irmão de Eduardo Maia e, tudo indica, o primeiro funeral civil que se realizou em Lisboa. Esta situação acabou por gerar alguma polêmica, pois no jornal Nação, surgiram alguns artigos do pároco de Santa Justa criticando esta situação e sobretudo o aproveitamento feito pelos defensores do Registo Civil. A estas publicações respondeu o Dr. Eduardo Maia com a publicação de uma carta opúsculo em que defendia a memória do irmão falecido.