Movimentos Sociais de base e territórios de Resistência: Uma investigação militante em favelas Cariocas.

Uma pesquisa que nasce de lutas de resistência justifica sua condição de ser ao dialogar com e realimentar os processos em meio aos quais surge. É este o intuito deste trabalho, que é resultado de uma investigação militante inserida em experiências de trabalho de base protagonizadas por movimentos sociais de base que atuam em favelas do Rio de Janeiro. Com isso não é um trabalho baseado em saberes sobre favela ou sobre esses grupos, e sim analisa os processos em questão a partir do ponto de vista dos dois. Experiências que articulam investigação e militância e uma discussão de saberes e sujeitos em movimento dão base para uma proposta de pensar e fazer Geografias em movimento(s). Uma discussão crítica de olhares e informações sobre favelas, da escala global à escala local levam à questão como, na luta de classes, múltiplas relações de dominação-subordinação/resistência, que podemos compreender também como relações centro-periferia, espacializam-se para constituir territórios de resistência. Movimentos sociais de base como os coletivos Ocupa Alemão, Us Neguin Q Não CKala, Roça! e a Comunidade Popular Chico Mendes territorializam-se nestes territórios das classes periféricas inseridas em dinâmicas maiores de favelas em movimento. Um elemento chave do trabalho, apresento textos nos quais estes grupos auto refletem suas experiências de luta, reflexões que falam por si só ao mesmo tempo que permitem um diálogo com a questão da importância de suas articulações e de práticas especiais resistentes na formação e no fortalecimento de territórios-de-resistência-rede. A perspectiva que permeia o texto conecta saberes, territórios e movimentos entre si e com o horizonte da auto-emancipação das classes periféricas em luta, uma luta de muitas lutas que devem ser compreendidas em sua complementaridade. São lutas que carregam, como potencialidade e como realização (até então sempre parcial e incompleta), caminhos de superação da dominação das periferias pelos centros, rumo a uma sociedade igualitária onde não há nem periferia, nem centro.