O Cavador
Cava, cava, ó cavador
a terra que não é tua!
Enriquece o teu senhor,
revestindo a terra nua
de sementeira sem flor.
Todo o sangue que hás perdido,
Sangue rubro como a aurora,
Vira nelas resurjido…
Quem sabe se, a esta hora,
havera na tua casa
um pão na arca e a uma brasa
na lareira triste e fria?
Mas que importa uma agonia,
uma lágrima, uma dor,
de gente faminta e nua?
Cava, cava, cavador,
a terra que não é tua!
Luiz Cebola