Patriarcalismo ou Patriarcado – A evolução do pensamento machista




Patriarcalismo-A-evolucao-do-pensamento machista

O Patriarcalismo, Patriarcado tem como definição ideológica a supremacia do homem nas relações sociais.

O termo Patriarcalismo é oriundo de Patriarcado, que, por sua vez, tem origem na palavra grega pater. A primeira vez que o termo foi usado com conotação de preponderância do homem na organização social foi pelos hebreus com o propósito de qualificação do líder de uma sociedade judaica. Mas o grego helenístico também já fazia menção ao termo, pois as mulheres eram concebidas como objetos de satisfação masculina e, conseqüentemente, julgadas como inferiores.

É errado dizer que na história da humanidade o homem sempre foi superior às mulheres nas relações sociais, pois, na verdade, o patriarcalismo apenas inverteu a ordem de supremacia, que em muitas civilizações tinha a mulher como superior, o matriarcalismo. Antes, os homens cultuavam uma Deusa Mãe.

A lógica patriarcalista estabeleceu o poder de uma autoridade religiosa masculina sobre seus subordinados. Mas estende-se também a situações em que os homens dominam familiares, empregados ou aspectos políticos de uma organização social. Assim, as pessoas passam a dever obediência à imagem do homem dominante.

O patriarca manteve o poder, ao longo da história, sobre qualquer indivíduo na organização social de que fazia parte. Poderia ser sua mulher, seus filhos, seus súditos, seus escravos ou seu povo. Cabendo-lhe o poder de decisões cruciais de forma inquestionável no seio da sociedade. Assim, na vigência do patriarcalismo, as relações humanas são estabelecidas em patamares desiguais e hierarquizados. O patriarca representa a autoridade maior determinando as condições que justificam seu status de superioridade e o status de inferioridade dos outros indivíduos.




As raízes do patriarcalismo, como dito, estão na Grécia Antiga. O período de supremacia do patriarcado permaneceu por vários séculos. Foi a Revolução Francesa que colocou em questionamento tal forma de organização da sociedade. O movimento francês defendia os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade, abrindo novas portas para os indivíduos se posicionar no mundo. O movimento revolucionário acabou com a concepção massificadora que identificava as pessoas, permitindo o respeito a singularidade de cada um na rede social. Por tais motivos, a Revolução Francesa inaugurou uma nova fase na história da humanidade ocidental, marcando o início da chamada História Contemporânea. O historiador Barrington Moore Junior a enquadra na via das revoluções burguesas que conduziram a sociedade francesa para a modernização e estabelecimento de uma democracia capitalista. O resultado repercutiu no Ocidente e influenciou diversos outros povos, incluindo o Brasil.

De todo modo, o Patriarcalismo ainda está embutido no subconsciente das sociedades. Embora as Constituições ocidentais afirmem que há igualdade entre homens e mulheres e entre todos os indivíduos da sociedade, o Patriarcalismo ainda se manifesta de alguma forma. Suas raízes germinaram no ideário humano ao longo dos séculos e ainda hoje é preciso indicar as formas e as ocasiões em que aparece o efeito do patriarcado para fazer valer o ideal de igualdade entre as pessoas.

A institucionalização do machismo como um sistema opressor e patriarcal não se desenvolveu apenas na idade contemporânea e moderna.O machismo possui séculos de “tradição”, sendo transmitido de geração para geração desde as épocas mais remotas.

Atualmente,o machismo está presente no mesmo patamar que um dogma religioso,tendo em vista que a transgressão do pensamento androcentrista representa,acima de tudo, a transgressão de um valor moral imposto pela igreja,ou seja, quando a mulher questiona a dominação masculina e se liberta disto ela é considerada pecaminosa e herética, traduzindo para os termos atuais:Puta.

O papel do gênero feminino durante a pré-história é um tema que gera diversas controvérsias no âmbito arqueológico devido a falta de provas concretas acerca do assunto.Do ponto de vista histórico é difundido que as obrigações das mulheres pré-históricas eram compostas pelas atividades domésticas- não que houvessem casas,como conhecemos hoje,naquele período- e de proteção e cuidado à prole.

Contudo, a história -Como bem salientou George Orwell– é escrita pelos vencedores, ou seja, pelos dominadores. A mulher teve mais do que um papel meramente doméstico em um período tão importante para o desenvolvimento humano, a mulher, assim como o homem, era uma caçadora. Para uma exemplificação mais coerente e entendível, pode-se citar o meio em que a mulher e homem pré-histórico viviam, isto é, na natureza. Na natureza a fêmea e o macho podem possuir incumbências diferentes, contudo, a figura da fêmea não é submissa à figura do macho, o mesmo ocorria com a mulher e o homem em tal período.

Avançando diretamente para a idade média (Eu sei,pulei a antiguidade), esta que pode ser dividida entre idade média alta e idade média baixa, é caracterizada pela forte presença do fervor religioso e pela descentralização do poder político.

Após a queda do império romano, o cristianismo se espalhou pela Europa medieval, o que conferiu um enorme poder político-econômico à Igreja Católica. A instituição católica exercia um papel importante inclusive na organização da sociedade, preconizando a divisão desta entre Clero, nobreza e servos, como reflexo da santíssima trindade. A igreja ultrapassou o campo moral-religioso e adentrou no campo econômico como sendo detentora de grandes territórios (seria a igreja uma latifundiária?), decorrentedo poder econômico da igreja, o catolicismo passou a se subdividir em 2 correntes: O clero secular (ligado a questão material e econômica)e o clero regular (Concentrado no espirito dogmático da religião em si).

A doutrinação cristã, contudo, não foi marcada apenas pela expansão do cristianismo e a conquista de bens e riquezas, ela foi marcada, também, por algo que costuma ser chamado de Inquisição,onde milhares de mulheres foram queimadas sob a acusação de serem Bruxas. As ordálias (ou juízo de deus)eram praticadas contra as mulheres,antes da ascensão do período medieval,e após o advento deste essa prática passou a se disseminar por toda a Europa, castigando e punindo as mulheres até que estas se tornassem obedientes e tementes aos olhos de deus, isto é, dos homens.

As mulheres da idade medieval, chamadas de Bruxas, eram queimadas pelo mesmo motivo que as mulheres de hoje são julgadas, ou seja, por preconizarem a liberdade, tanto de corpo quanto de pensamento. O que vimos durante a idade média e a inquisição não foi o expurgo do mal ou da bruxaria, mas sim a manifestação no sentido puro e real do machismo.

Após o início do capitalismo comercial, industrial e financeiro a opressão de gênero passou a persistir ultrapassando fronteiras e culturas, ocorrendo em quase todas as regiões do planeta. É comum se referir ao oriente médio como único foco de machismo, contudo, o machismo se faz presente na asia, África, Oceania e nos demais continentes.

O gênero é uma construção social, psicológica e cultural,assim como o sistema patriarcal, somos remetidos a pensar que o patriarcalismo é decorrente apenas deste século, como se este não tivesse precedentes nos demais períodos. O machismo vem oprimindo milhares de mulheres há muitos séculos, e a luta destas nos dias atuais não é tão “nova”quanto possa parecer,a luta do feminismo é mais antiga do que o próprio, é a luta de mulheres que se sentiram presas e reprimidas em todos os lugares e em todas as épocas.Como bem colocou Proudhon, todo aquele que ousar colocar suas mãos sobre mim para me dominar,é um tirano,um usurpador,e eu o declaro meu inimigo!

PS: Somos as netas das bruxas que vocês não conseguiram queimar.


Fontes:
MOORE Jr. Barrington. As Origens Sociais da Ditadura e da Democracia.
http://www.scribd.com/doc/2326559/O-que-e-patriarcalismo-e-quais-suas-influencias-nos-dias-atuais