Revolta da Salada – Revolução do Vinagre – Primavera Brasileira
Revolta da Salada – Revolução do Vinagre
Os protestos contra o aumento das tarifas de transporte público no Brasil em 2013 começaram em março em Porto Alegre e se espalharam por outras grandes cidades, como São Paulo, Goiânia, Rio de Janeiro, Curitiba, Florianópolis, Salvador, Brasília.
Histórico
As manifestações contra o aumento das passagens de ônibus começaram em Porto Alegre em março, quando manifestantes conseguiram fazer com que a prefeitura reduzisse o preço das passagens.
Em Goiânia, as manifestações iniciaram-se no dia 16 de maio, antes do anúncio oficial de aumento da tarifa, que ocorreu dia 22. As tarifas chegaram a subir de R$ 2,70 para R$ 3,00. Os protestos tiveram seu pico no dia 28 do mesmo mês, na Praça da Bíblia, no Setor Leste Universitário. Quatro ônibus foram destruídos, dois incendiados e dois depredados, e 13 veículos sofreram algum tipo de dano. Na ocasião, 24 estudantes acabaram detidos por vandalismo e desobediência. A última manifestação ocorreu no dia 6 de junho, quando estudantes interditaram ruas do Centro da capital, queimaram pneus, lançaram bombas caseiras e quebraram os vidros de um carro da polícia. No dia 13 de junho, as tarifas voltaram a custar R$ 2,70, após liminar expedida pelo juiz Fernando de Mello Xavier, da 1ª Vara da Fazenda Pública Estadual. Na decisão, o juiz argumentou que desde o último dia 1º de junho as empresas de transporte coletivo deixaram de pagar os impostos PIS e Cofins, porém essa isenção não foi repassada ao usuário goianiense.
Na cidade de São Paulo, a onda de manifestações populares teve início quando a prefeitura e o governo do estado reajustaram os preços das passagens dos ônibus municipais, do metrô e dos trens urbanos de R$ 3,00 para R$ 3,20. Desde janeiro de 2011, o preço das tarifas dos ônibus municipais de São Paulo era de R$ 3,00. Já o valor das tarifas dos trens urbanos e do metrô (de propriedade do governo do estado de São Paulo) havia sido reajustado pela última vez em fevereiro de 2012 para esse mesmo valor. No início de 2013, logo após começar seu mandato, o novo prefeito Fernando Haddad anunciou que a tarifa sofreria um aumento ainda no primeiro semestre daquele ano. Em maio, o governo federal anunciou a publicação de uma medida provisória que desonerava o transporte público da cobrança de dois importantes impostos (PIS e COFINS), para evitar que os reajustes nas tarifas pudessem pressionar a inflação. Assim, as tarifas de ônibus, trens urbanos e metrô foram reajustadas para R$ 3,20 a partir de 2 de junho, desencadeando os protestos.
Manifestações
Desde o começo do mês de junho ocorrem protestos periódicos na cidade de São Paulo, onde mais de 10 mil pessoas se reúnem em pontos, como a Avenida Paulista, para se manifestar contra o aumento das passagens do transporte público municipal. Durante os protestos, foram registrados pela mídia burguesa vários episódios de “vandalismo”, “agressões a policiais militares” e mais de duzentas pessoas foram presas, além de jornalistas e civis terem sido agredidos por policiais militares.
Manifestantes de outras sete capitais brasileiras, como Rio de Janeiro, Maceió, Porto Alegre e Goiânia, também começaram a realizar atos públicos pelos mesmos motivos dos realizados em São Paulo, tomando o aumento da passagem do transporte público como estopim para protestar contra o governo e outros problemas sociais.
No Rio de Janeiro, mais de duas mil pessoas se concentraram no centro da cidade; em Goiânia, aos protestos foram motivados por uma ação judicial do Procon local para que o valor da passagem de ônibus, de R$ 3, retornasse ao valor antigo, de R$ 2,70; em Porto Alegre, as manifestações conseguiram fazer com que o poder público recuasse no aumento das tarifas, com uma liminar do Ministério Público mantendo a passagem a R$2,85, sem aumento de R$0,20; além de outras cidades, como Niterói, onde mais de duas mil pessoas protestaram pela diminuição do preço da passagem de ônibus durante o dia 19 e entraram em confronto com a polícia à noite.
Atos
Protesto Cidades Data Total de participantes Número de feridos Número de detidos
1º Ato contra o aumento das passagens24 Porto Alegre 18 de fevereiro de 2013
2º Ato contra o aumento das passagens25 Porto Alegre 25 de março de 2013
1º Ato contra o aumento das passagens São Paulo (entre outras) 6 de junho de 2013
2º Ato contra o aumento das passagens São Paulo (entre outras) 7 de junho de 2013
3º Ato contra o aumento das passagens São Paulo (entre outras) 11 de junho de 2013
4º Ato contra o aumento das passagens São Paulo e Rio de Janeiro (entre outras) 13 de junho de 2013
5º Ato contra o aumento das passagens26 São Paulo 17 de junho de 2013
MARCHA CONTRA AUMENTO DO TRANSPORTE PÚBLICO!!! Atos confirmados pelo Brasil com apoio de outros países, participe!
São Paulo
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#RevoluçãoSocial #RebelarÉjusto
Veja também:
Rebelião Popular contra aumento transporte público São Paulo 11-06-2013
Protesto contra aumento de passagens Centro do Rio de Janeiro – 10-06-2013
Protesto contra o aumento das tarifas do transporte público em São Paulo – 06/06/2013
Revolta da Salada
As manifestações, especialmente em São Paulo, receberam esse apelido, depois da detenção de mais de 60 manifestantes por estarem portando vinagre, como o jornalista Piero Locatelli da revista Carta Capital(veja o vídeo).
O vinagre seria utilizado como meio de proteção ao gás lacrimogêneo e spray de pimenta. O tom irônico também vem sendo empregado para nomear o quinto ato, chamando-o de “Marcha pela legalização do Vinagre”. O que para muitos não passa de um tempero, para a Polícia Militar do Estado de São Paulo é digno de estar na lista de “objetos que podem ser usados contra os policiais e a população”.
Ele virou um dos símbolos de um episódio marcado pelos abusos e truculência policial, a quarta manifestação contra o aumento da passagem de ônibus, que aconteceu ontem, na capital paulista. A verdade é que suas propriedades químicas amenizam o efeito do gás lacrimogênio e spray de pimenta usados pela corporação e isso só dificultaria a dispersão dos protestantes – tornando-se assim, proibido.
Críticas
Aos manifestantes
O prefeito de São Paulo Fernando Haddad, o governador do Estado Geraldo Alckmin e o Vice-Presidente do Brasil Michel Temer criticaram os manifestantes envolvidos em confrontos com a polícia e atos de vandalismo. Alckmin qualificou-os como “baderneiros”, enquanto Haddad se referiu aos envolvidos como “pessoas inconformadas com o Estado democrático de Direito”. O Ministro da Justiça José Eduardo Cardozo condenou os atos de vandalismo e afirmou que o governo federal estaria a disposição do Estado de São Paulo para um eventual auxílio no enfrentamento dos protestos, mas tenta esconder a ação truculenta e suja da polícia quebrando o vidro de uma viatura para culpar a manifestação.
No dia 12 de junho, quase a totalidade dos 55 vereadores eleitos da Câmara Municipal de São Paulo repudiaram os protestos em discurso, denominando os participantes de “criminosos”, “marginais” e “delinquentes”. O líder de governo na Câmara Arselino Tatto afirmou que dentre os manifestantes, haveriam “infiltrados” na passeata com a intenção de desestabilizar o governo municipal. Durante a sessão o único legislador a se pronunciar a favor dos protestos foi o vereador Toninho Vespoli, que foi também objeto de críticas dos seus colegas pela participação nas manifestações.
Em comentário feito no dia 12 de junho, o jornalista Arnaldo Jabor(Veja o vídeo) afirma que a grande maioria dos manifestantes seria composta por jovens de classe média e que a manifestação seria decorrente de ignorância política e do estímulo dos protestos na Turquia. Em tom provocador, Jabor questiona por que não lutam contra a PEC 37 que, em sua opinião, seria um motivo mais legítimo. Por fim, finaliza dizendo que os manifestantes talvez nem sequer saibam o que é a PEC 37 e que não valham sequer os R$0,20 do aumento das passagens.
O blogueiro Reinaldo Azevedo criticou duramente os manifestantes em seu blog, chamando-os de “terroristas”, “baderneiros” e ligando os protestos ao PT.
O senador Aloysio Nunes também se referiu aos manifestantes como “baderneiros” e defendeu que a polícia aja com energia, além de criticar o prefeito Fernando Haddad por reconhecer abusos por parte da Polícia antes de qualquer investigação sobre o caso.
À Polícia Militar
A ação policial a fim de conter os manifestantes recebeu duras críticas, especialmente após os protestos do dia 13 de junho. A organização não governamental (ONG) Anistia Internacional publicou uma nota onde critica a violenta resposta policial às manifestações populares, dizendo que “vê com preocupação o aumento da violência na repressão aos protestos contra o aumento das passagens de ônibus no Rio de Janeiro e em São Paulo” e que “também é preocupante o discurso das autoridades sinalizando uma radicalização da repressão e a prisão de jornalistas e manifestantes”. A ONG ainda afirma que “o transporte público acessível é de fundamental importância para que a população possa exercer seu direito de ir e vir, tão importante quanto os demais direitos como educação, saúde, moradia, de expressão, entre outros” e que “é fundamental que o direito à manifestação e a realização de protestos pacíficos seja assegurado.”
Outra ONG, a Repórteres Sem Fronteiras (RSF), divulgou uma nota condenando a repressão aos protestos e a prisão de jornalistas e manifestantes. Benoît Hervieu, representante regional da RSF, afirmou que “a Constituição brasileira está sendo desrespeitada” e que “além da brutalidade dos policiais, as acusações contra os jornalistas não têm fundamento.”40 Ex-comandantes da Polícia Militar consultados pelo jornal O Estado de S. Paulo também apontaram falhas na coordenação, planejamento e execução da operação.
Soldados da polícia militar atiram em direção de manifestantes na Avenida Paulista, em São Paulo.
De acordo com o Movimento Passe Livre (MPL), houve cerca de cem feridos no centro da cidade, dentre quais sete jornalistas do jornal Folha de S. Paulo; dois deles atingidos por tiros de bala de borracha na cabeça. Um fotógrafo d’O Estado de S.Paulo acusou um policial de atropelá-lo de propósito com sua viatura no momento em que registrava o momento em que um outro carro da polícia passava por cima de uma barricada em chamas montada pelos manifestantes. Um fotógrafo da Futura Press foi atingido no rosto por uma bala de borracha e corre o risco de perder a visão no olho ferido. No meio do trajeto do quarto protesto, os manifestantes, que agiam de forma pacífica, foram recebidos com truculência pela tropa de choque da PMESP, que iniciou o confronto em diversos pontos com o objetivo de dispersar o movimento. O grupo, em nota, afirmou que entraria com uma representação na Justiça contra a Polícia Militar após a ação do dia 13/06/2013. O prefeito da cidade, Fernando Haddad, reconheceu que o protesto do dia 13 de junho foi marcado pela violência policial e o secretário de Segurança Pública de São Paulo pede investigação sobre possíveis abusos da polícia militar.
No dia 13 de junho de 2013, agentes da Polícia Militar do Estado de São Paulo, atuando contra manifestações populares do Movimento Passe Livre, prenderam mais de 60 manifestantes por estarem portando vinagre. O vinagre seria utilizado como meio de proteção ao gás lacrimogêneo e spray de pimenta nas movimentações que ocorreriam mais tarde naquele dia, que partiu do Theatro Municipal com destino à Avenida Paulista. O jornalista Piero Locatelli da revista Carta Capital chegou a ser detido e levado para a Polícia Civil por carregar uma garrafa de vinagre, o que tornou as manifestações conhecidas como “Revolta do Vinagre”. Os confrontos com a polícia naquele dia teriam sido iniciados pela própria corporação.49 Um vídeo divulgado naquela mesma noite mostra um policial danificando uma viatura da própria polícia. O colunista da Folha de S. Paulo Elio Gaspari disse que “seguramente a PM queria impedir que a passeata chegasse à avenida Paulista” e que os confrontos entre os manifestantes e os policiais “foi um cena típica de um conflito de canibais com os antropófagos”.
Constatou-se também que a polícia usou bombas de gás lacrimogêneo com a data de validade vencida, embora, em nota, ela tenha afirmado que isto não ofereceria risco à saúde das pessoas.
À imprensa
Parte da imprensa também foi criticada pela falta de cobertura ao vivo dos protestos. Os canais a cabo Globo News, Band News e Record News foram acusados pela revista Carta Capital de ignorar as manifestações em São Paulo, enquanto exibiam matérias sobre os protestos na Turquia em 2013. O Observatório da Imprensa notou que só após as agressões direcionadas à imprensa que certos grupos midiáticos “[despertassem] para o fato de que há vândalos em ambos os lados do conflito”.
Parte da imprensa internacional criticou a cobertura dos grandes grupos de comunicação no Brasil, tida como parcial em favor da “versão oficial”. Segundo o portal francês Rue89, a mídia brasileira não hesitou ao “caracterizar os manifestantes como vândalos” logo no início.
Repercussão
Nacional
Os protestos ganharam cobertura midiática imediata no Brasil. De início, o jornal Folha de S.Paulo criticou as manifestações, acusando os manifestantes de vandalizarem vias da cidade58 – no dia seguinte, defendeu em seu editorial que os manifestantes “são jovens predispostos à violência por uma ideologia pseudorrevolucionária, que buscam tirar proveito da compreensível irritação geral com o preço pago para viajar em ônibus e trens superlotados” e que “lançam mão de expediente consagrado pelo oportunismo corporativista: marcar protestos em horário de pico de trânsito na avenida Paulista, artéria vital da cidade. Sua estratégia para atrair a atenção pública é prejudicar o número máximo de pessoas”59 O jornal também defendeu as intervenções da polícia. No dia 14, porém, o jornal reconheceu a truculência da polícia, após ter sete de seus repórteres feridos pelas ações da corporação – uma delas levou um tiro de borracha no rosto, levando o jornal a repudiar “toda forma de violência” e “a falta de discernimento da Polícia Militar no episódio”.
O jornal O Estado de S.Paulo tomou um posicionamento similar ao da Folha: acusou os manifestantes de destruir agências bancárias e lojas, pichar prédios e incendiar ônibus , para no dia seguinte, em editorial, chamar os organizadores dos protestos de “baderneiros”, acusar os manifestantes de “aterrorizar a população” e dizer que o vandalismo “tem sido a marca do protesto”, além de considerar “moderada” a reação da PM e cobrar ainda mais rigor das polícias nos próximos protestos.
Para o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), a interrupção do trânsito durante um protesto é um ato de vandalismo e, dessa maneira, deve ser tratada como um “caso de polícia”.
Internacional
Em 18 de junho, houve manifestações de apoio em Lisboa, Coimbra e Porto. A manifestação de 15 mil pessoas em Fortaleza no dia 19 de junho, próximas ao Castelão, ganhou mais destaque fora do país do que a vitória brasileira no jogo da Copa das Confederações. Por exemplo, a CNN escreveu 7 parágrafos sobre o jogo e 12 sobre as manifestações do país. O jornal El País disse que os manifestantes são os filhos rebeldes de Lula e Dilma, que dominam melhor a Tecnologia da Informação e não só questionam como discordam das coisas que recebem.
Como exemplo, mencionou um caso em que Lula uma vez disse, e depois se arrependeu, que o sistema de saúde no país tinha chegado quase à perfeição e que algumas pessoas até queriam ficar doentes só para usarem os serviços, mas que foi constatado pelos usuários que o melhor era ficar saudável mesmo. Disse também que, apesar de “os pais” provavelmente decidirem ouvir os “filhos”, existe o risco de que estes não queiram mais escutar os pais e prefiram falar por conta própria. Acrescentou que os aspectos positivos dos protestos poderiam servir de exemplo aos países vizinhos.
Após os acontecimentos do dia 13 de junho, protestos em solidariedade aos participantes das manifestações de São Paulo foram marcados em Portugal, França, Alemanha, Irlanda, Canadá, dentre outros países, perfazendo um total de 27 cidades fora do Brasil. Manifestantes da Turquia também expressaram em mensagens apoio aos protestos no Brasil. Os protestos receberam destaque nas principais agências de comunicação internacionais, que ressaltaram a “truculência” da polícia brasileira e o “clima de insegurança” presente na véspera de grandes eventos esportivos a serem sediados no país. Dentre os grupos midiáticos que cobriram os protestos incluem-se o jornal espanhol El País, o francês Le Mondee a rede de notícias norte-americana CNN. Para a rede britânica BBC, as manifestações trariam complicações para a realização da Copa das Confederações, especialmente no caso de protestos análogos que ocorreram na cidade do Rio de Janeiro.
O jornal americano The New York Times concordou e destacou os confrontos entre os manifestantes e a polícia. O periódico também comparou o movimento com a Revolta do Vintém de 1879 no Rio de Janeiro, uma série de protestos populares contra o aumento das passagens dos bondes. A revista alemã Der Spiegel anunciou que houve “batalhas de rua por causa de sete centavos” (R$0,20 convertidos em Euro).
O primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, disse em um comício que os recentes protestos em seu país eram parte de uma conspiração por parte de forças estrangeiras desconhecidas, banqueiros e meios de comunicação locais e internacionais, e que “o mesmo jogo está sendo jogado sobre o Brasil. Os símbolos são os mesmos, os cartazes são os mesmos, Twitter, Facebook, são os mesmos, a mídia internacional é a mesma.” Edurgan afirmou ainda que “eles estão fazendo o máximo possível para conseguir no Brasil o que não conseguiram aqui. É o mesmo jogo, a mesma armadilha, o mesmo objetivo.”
Resposta governamental
No dia 17 de junho, segundo a ministra da Secretaria de Comunicação Social da Presidência Helena Chagas, Dilma Rousseff considerou as manifestações “legítimas e próprias da democracia”. O ministro do esporte, Aldo Rebelo, afirmou no dia 17 de junho que o governo não irá tolerar as manifestações no país que atrapalhem ou tentem impedir os jogos da Copa das Confederações. Na manhã do dia 18, o governador de Minas Gerais, Antônio Anastasia, encontrou-se com a presidente Dilma Rousseff e solicitou apoio da tropa nacional, recebendo 150 pessoas para auxiliar a Polícia Militar durante os atos. Os militares da Força Nacional são destinados a atuar somente nas áreas dos estádios, não podendo ser transferidos para outros lugares das cidades. Os totais de militares enviados para os estados são mantidos em sigilo, e os tempos de permanência são decididos pelos governos estaduais. À tarde, falando pela primeira vez sobre os protestos, Dilma Rousseff disse na NBR que seu governo “está ouvindo essas vozes pela mudança”, “está empenhado e comprometido com a transformação social” e “compreende que as exigências da população mudam quando nós mudamos também o Brasil”. Lula elogiou este discurso no dia seguinte. À noite, a ministra chefe da casa civil, Gleisi Hoffmann, anunciou as medidas de desoneração adotadas pelo governo federal para propiciar a redução das tarifas de transporte coletivo. De acordo com ela “a desoneração para o município de São Paulo de tributos federais é da ordem de R$ 0,23 por passagem, mas a Prefeitura de São Paulo já fez esse reajuste após essa desoneração”.
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, caracterizou no dia 18 de junho os atos de vandalismo que ocorreram durante as manifestações uma atrocidade. No dia 19, considerou pela primeira vez a possibilidade de rever o preço da passagem, dizendo que vai se subordinar às pessoas pois seu trabalho como prefeito é fazer o que a cidade quer que ele faça, após reunião com Lula e Dilma. Entretanto, na manifestação daquele dia, a polícia outra vez usou balas de borracha e gás lacrimogêneo, mesmo tendo o tal prefeito prometido anteriormente que esse tipo de munição não seria mais utilizado contra os protestos. Estadão caracterizou a reunião como “operação de salvamento” ao prefeito, e que ocorreu logo após o prefeito encontrar-se com representantes do Movimento Passe Livre. Lula disse depois, em outra reunião, que o PT errou ao se distanciar da juventude, e que agora pagava este preço. ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, deveria assumir o papel de interlocutor com os jovens, e o partido estudava novos programas para beneficiar esta parte da população. Setores do partido entendem que os discursos precisam ter direcionamento diferente da redução da miséria pois o tema já não é o bastante para responder aos anseios dos manifestantes.
Em 20 de junho, foi noticiado que o governo estava preparando uma operação na qual membros da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) monitorariam os protestos no país naquele dia, acompanhando a movimentação dos manifestantes no Facebook, Twitter, Instagram e WhatsApp. De acordo com o jornal Estado de S. Paulo, o que levou à decisão foi o fato do Gabinete de Segurança Institucional não ter avisado ao governo sobre a ocorrência das manifestações. A revista Época Negócios disse que o sistema Mosaico passaria a medir e analisar as manifestações, que já acompanha 700 temas definidos pelo ministro-chefe do GSI, general José Elito. Neste dia, a TV Senado preparou uma estrutura para transmitir ao vivo as manifestações em Brasília, mas foi proibida pelo senador Renan Calheiros de última hora e tiveram de se limitar à reprodução de boletins na Internet. Alguns membros da redação ficaram revoltados com a censura.
Pronunciamento presidencial
No dia 21, a presidente cancelou uma viagem que faria ao Japão a partir de domingo e convocou uma reunião de emergência com o Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e outros ministros, para avaliar a proporção e alcance dos protestos. Michel Temer, vice-presidente, e Henrique Alves, presidente da câmara dos deputados, encurtaram suas estadias na Rússia para chegarem à noite em Brasília. O jornal Folha de São Paulo disse que na reunião seria discutida a posição do governo em relação aos protestos, as medidas possíveis de serem adotadas pelo Ministério da Justiça a respeito de incidentes ocorridos e possivelmente até um pronunciamento da presidente em rede nacional. A reunião, que começou às 9h30, durou três horas, e após ela Dilma continuou em outra reunião em seu gabinete sobre o mesmo tema. Determinou que nenhum ministro deveria sair de Brasília. Nenhum comunicado foi emitido à imprensa imediatamente após o fim do encontro. ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, disse em outro evento daquela manhã que o governo teria de correr atrás para satisfazer ao novo padrão de exigência e que a presidenta deveria se pronunciar em breve. No fim da tarde um pronunciamento da presidente foi gravado durante uma hora, onde ela procura tranquilizar os manifestantes. A transmissão em rádio e TV foi marcada para as 21h daquela noite, com duração de 10 minutos, onde se falaria das manifestações e da Copa das Confederações. No pronunciamento, Dilma prometeu conversar com prefeitos e governadores para realizar um pacto de melhoria dos serviços públicos e a criação de um Plano Nacional de Mobilidade Urbana. Prometeu destinar 100% do dinheiro dos royalties do petróleo à educação, a trazes médicos estrangeiros para ampliar o atendimento do SUS e a se encontrar com os líderes das manifestações pacíficas. Disse ser favorável às reivindicações democráticas, reconheceu a necessidade de “oxigenar” o sistema político e prometeu uma ampla reforma que amplie o poder popular. Esclareceu que o dinheiro para a Copa não proveio de orçamento público federal mas sim de financiamentos de empresas e governos que exploram os estádios, de forma que não prejudicam setores prioritários como saúde e educação. Criticou os vandalismos e pediu respeitos aos espectadores dos jogos.
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Se as forças populares forem insuficientes para um confronto direto com a PM, deve-se recuar, mas não fugir. Deve-se transformar o recuo em ataque. Como? Destruído tudo o que represente o estado! Apedrejar bancos, carros do governo, ônibus etc. Destruir tudo o que represente o governo… podemos chamar esta tática de enfrentamento de “Vandalismo“.
O que diferencia a tática do quebra-quebra do vandalismo é o seu alvo: o quebra-quebra tem como alvo pessoas inocentes. O “vandalismo” que responda à violência policial deve ser aquele que somente ataca os símbolos burgueses e latifundiários.(Somos contra violência e a favor da resistência)
Saudações! Desenvolver o protesto popular!
Contra o Estado Burguês, rebelar-se é justo!