Se você é a favor da guerra às drogas precisa ler essa história em quadrinhos
O debate sobre a criminalização das drogas é um dos mais importantes – e acalorados – de nosso tempo. Segundo dados divulgados pelo Relatório Mundial sobre Drogas da ONU, no ano passado, cerca de 5% da população mundial entre 15 e 64 anos usa drogas ilícitas – o que corresponde a uma média de 243 milhões de pessoas. É um número e tanto, mas não é o único dado superlativo nessa história. Estima-se hoje que 40% dos 9 milhões de presos em todo o mundo estejam na cadeia em razão das drogas – e isso tudo tem um custo altíssimo.
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Segundo a London School of Economics, essa guerra já custou ao mundo mais de 1 trilhão de dólares e criou um imenso mercado negro, avaliado em aproximadamente US$300 bilhões – um mercado negro cada vez mais fortalecido por organizações criminosas que, ao contrário do que pode parecer, não estão nem um pouco interessadas nessa história de descriminalização. O impacto sobre o consumo dessa guerra? Insignificante. O impacto na minha e na sua vida? Incomensurável.
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É absurdo imaginar que existam grupos fortemente armados por aí vandalizando, roubando e assassinando, cada vez mais poderosos graças a uma fatia de um mercado que movimenta uma montanha de dinheiro todos os anos? É duro pensar que essa turma está na porta das escolas, oferecendo substâncias da mais abjeta qualidade aos nossos filhos? Mas e se, ao contrário do que a gente imagina, essa história de guerra às drogas mais enriqueceu e empoderou esses criminosos, proibindo concorrência e transparência, entregando um monopólio de um mercado trilionário nas mãos de um punhado de pessoas dispostas a tudo para mantê-lo? E se essa história foi a responsável por criar drogas muito mais perversas do que a humanidade jamais ouviu falar – como o crack?
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E se defender uma guerra que até hoje não produziu qualquer resultado signifique defender menos policiais nas ruas combatendo crimes como assassinatos, assaltos, sequestros, estupros? E se essa turma toda movimenta um caminhão de dinheiro em corrupção, eleja candidatos, molhe a mão de autoridades importantes, tenha trânsito livre em Brasília? E se essa história de “não devemos dar concorrência para as Farc porque ela terá o monopólio do mercado de drogas na América Latina” seja estorinha pra boi dormir e não faça o menor sentido do ponto de vista econômico? De que lado você quer ficar?
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Falar sobre o impacto das drogas no mundo é falar sobre economia do crime. E mais do que julgar pela emoção é preciso analisar fatos, estatísticas e informações históricas relevantes – inclusive dos resultados práticos de países que já tomaram medidas de legalização ou descriminalização. Falar que “quem defende esse papo defende traficante de drogas” é o mesmo que acusar quem defende o direito ao porte de armas de “defender os interesses de traficantes de armas”, ou ainda os movimentos pró-escolha de “defenderem os interesses das clínicas clandestinas de aborto” – você pode ser contra a legalização das drogas, o direito ao porte de armas e o aborto, mas certamente deve encontrar outros motivos para isso: em todos esses casos o que se busca é justamente tirar da ilegalidade e das mãos do crime mercados que movimentam bilhões todos os anos e deixam sequelas gravíssimas em toda sociedade. Acreditar que centenas de milhões de pessoas deixarão de consumir drogas ilícitas da noite para o dia – apenas porque “eu acho que isso é certo” – também não parece uma postura sensata para encarar esse problema.
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Quer saber um pouquinho mais a respeito dessa história? Você está no lugar certo. A arte é do australiano Stuart McMillen.
Via: www.spotniks.com