Sofia Garrido
Conhecida em todo o país como Sofia Garrido, seu verdadeiro nome era Maria Sophia Loaise. Era casada com o pedreiro Miguel Garrido, e entrou no Brasil pela fronteira, trazendo da Argentina as idéias e práticas anarquistas. Chegou a Santos com seu companheiro, que ali já tinha estado em 1915, exatamente quando se reorganizaram os sindicatos, depois de algum tempo fechados pela polícia. Por falta de recursos para sustentar uma sede, as anarquistas reuniram-se no Café Java e na confeitaria do povo. O casal Miguel e Sofia sempre comparecia em manifestações e nas reuniões do movimento anarquista. Em 1917 explode em São Paulo a greve geral insurrecional. As trabalhadoras santistas convocam um comício na Rua Brás Cubas esquina com a Luiza Macuco, em frente ao Sindicato dos Canteiros. Falaram Manuel Perdigão, Antônio Casal, João Perdigão, Sofia e Miguel Garrido, que encerra a manifestação declarando a greve geral de solidariedade para as trabalhadoras de São Paulo. Do comício, ela tomou a frente das trabalhadoras presentes e foi em passeata nos jornais e aos sindicatos convocar os companheiros. Seu nome é anotado pela polícia em sua lista obscura. Dali em diante, as prisões sucederam-se e as expulsões também. Miguel Garrido é preso em julho de 1919, mais ou menos pela décima vez, e a polícia resolve expulsá-lo. As anarquistas enviam todos os esforços, por vias legais, para libertá-lo, mas nada surte efeito. Preparam então uma greve geral para Santos com o apoio do proletariado de São Paulo, mas antes Sofia resolve ir à delegacia, na intenção de convencer o policial Ibraim Nobre a soltá-lo. Discutiram e o policial a prendeu. Entra em cena o Dr. Heitor de Morais para defender o casal, que, entretanto, não conseguiu soltar as anarquistas argentinas, conseguindo apenas um acordo, para que Miguel e Sofia fossem deportadas para o Rio Grande do Sul por conta da União de Artes, Ofícios e Anexos. Nos anos seguintes, Sofia participou do movimento em Porto Alegre. Em 1º de maio de 1921 (segundo memória de João Perdigão), juntamente com Perdigão, Miguel, Frederico Kniestedt e o Tupi, participou de manifestações alusivas à data. Sofia Garrido ou Maria Sophia Loaise, argentina de nascimento, defendeu o anarquismo, e, mais do que isso, a mulher, independente de cor, raça, nacionalidade ou idade, em fervorosos discursos.